dos rascunhos de Ethan
“Não é a carne e o sangue, e sim o coração, que nos faz pais e filhos”. Schiller
O lugar tinha cheiro de poeira e estava escuro. Abri os olhos devagar, ainda sentia um pouco de dor de cabeça, e vi um pouco de sol entrando por uma fresta numa cortina pesada... Sabia que havia passado muito tempo, tudo o que lembrava era da sensação de ser espremido num túnel, e que o dia e a noite passaram rápido por mim, e eu ainda não sabia onde e com quem estava.
Levantei o corpo e recuei assustado quando um par de olhos, numa cabeça com orelhas pontudas e uma boca enorme e cheia de dentes sorriu me saudando.
- O pequeno mestre acordou! - Se eu não soubesse que aquela criatura era um elfo doméstico, teria gritado de susto.
- O senhor está com fome? Ou está com sede? Quer comer alguma coisa especial? Ou quem sabe beber um saboroso suco de abóbora? Quer mais algum cobertor? Ou quem sabe alguma coisa especial? Acho que temos um bolo na cozinha... Ah! Temos tortinhas de frutas também...Basta pedir, jovem mestre, que Sculy o atende. - e o elfo não parava de falar, levantei a mão para pedir calma e ele se encolheu. Só então notei que diferente dos elfos que eu havia conhecido, este usava um trapo sujo e rasgado cobrindo o corpo, e trazia algumas cicatrizes. Senti pena dele e tentei falar de novo.
- Onde estou?- perguntei.
- Está na grande e nobre mansão dos Selwyn. A mestra logo irá vê-lo.
- Porque me trouxeram aqui?
- Porque aqui é a sua casa...
Antes que ele falasse mais alguma coisa, o homem que me seqüestrou entrou no quarto e deu ordens:
- Sculy, deixe de conversas e arrume logo as coisas por aqui. Você garoto ponha estas roupas, deve ficar apresentável para conhecer Madame Selwyn. - jogou umas roupas na cama, e saiu.
Claro que não vesti as roupas que aquele homem mandou, e o elfo me levou para a sala apreensivo. Ao chegar no tal salão de chá, uma mulher bem velha estava sentada na ponta da mesa e o bruxo estava sentado à sua direita. A velha me olhou de cima abaixo e disse:
- Porque ele não esta usando as roupas que mandei Dunstan? Estas roupas são horríveis.
- Tia Wilhelmina, ele é jovem e precisa estar confortável, afinal somos estranhos para ele, não vamos assustá-lo, exigindo trajes formais. - e a bruxa meio a contragosto aceitou o que o homem falava e disse:
- Sente-se, não suporto atrasos na hora do chá.
Olhei para ela e mesmo sentindo fome, fiquei onde estava. O elfo tentava me puxar para a mesa e eu o ignorava. O bruxo novamente me olhou e disse:
- Ethan, você deve estar com fome e muito curioso sobre nós. Sente-se e coma enquanto conversamos. Não vamos envenená-lo.- e o elfo fez sinal afirmativo com a cabeça e eu me sentei à mesa para comer. Precisava estar forte para fugir, o bruxo pareceu ler meus pensamentos, e disse:
- Não pense em fugir. A casa está guardada magicamente contra uma fuga ou a presença de visitas indesejadas.
-Quem são vocês? Se for dinheiro o que querem, pegaram a pessoa errada. - falei.
- Olhe ao seu redor, pareço precisar de dinheiro?- a velha disse enquanto passava geléia num bolinho e o enfiava na boca.
- Se não querem dinheiro, o que querem comigo?
- Quero que viva aqui comigo...
- Não vou viver aqui, já tenho família. E eles vão vir atrás de mim. - disse erguendo o queixo.
- Eu sou sua avó...
- Não tenho avó, quer dizer tem a vovó Virna e a vovó Amélie, elas não são minhas avós de verdade ainda, mas vão ser. - eu respondi olhando para aquela mulher de aparência estranha. Notei que as mãos lembravam garras, e o rosto era cheio de rugas, e os olhos eram vazios. Ela me lembrava um corvo.
- Meu filho Dorian era o seu pai, e você vai viver aqui comigo, quer você queira ou não. - ela disse irritada e o bruxo olhou firme para ela, e ela respirou fundo para se acalmar, mas eu respondi:
- Alex e Logan são os meus pais e devem estar preocupados comigo... Alex não pode ficar preocupada, ela vai ter um bebê. - minha voz saiu um pouco tremida.
- Você esta aqui há quase 24 horas e nenhum deles apareceu. Eles não se importam com você, afinal você não tem o sangue deles. - a bruxa disse como se isso encerrasse o assunto.
- Se você é minha avó, porque nunca soube de vo... Da senhora?
- Porque seu pai desapareceu com você e sua mãe.
- E porque ele fez isso?- perguntei e o bruxo se mexeu desconfortável, ele não me olhava nos olhos.
- Porque ele não aceitava minhas or... Meus conselhos, então nós brigamos e ele desapareceu no mundo dos trouxas. Eu devia ter sido mais tolerante, e ai ele teria me deixado ajudar a criá-lo Ethan. Você é um Selwyn, precisa assumir seu lugar como meu herdeiro.
- E ele? Porque ele não faz isso?- apontei para o bruxo alto e loiro sentado na minha frente.
- Dunstan? Ele é filho de uma prima distante. Não tem sangue Selwyn, e o pior: não tem dinheiro. Não poderia assumir nossa casa, aliás, isso seria muito engraçado. - respondeu enquanto ria e o bruxo ficava com as orelhas vermelhas. Foi o chá mais longo de toda a minha. Mas deu tempo para pensar, eu precisava sair dali.
Fazia uns três dias que eu estava com eles, e não suportava mais a prisão onde estava. Sentia saudades de todos e me preocupava com Boomer.
- Que barreira mágica é esta? Tem como quebrá-la? - perguntei ao elfo quando estávamos sozinhos.
- Os elfos conjuraram uma barreira de proteção ao redor da casa. A nossa magia é mais antiga que a dos bruxos que te procuram, por isso eles não conseguem chegar aqui...
- Quem está me procurando?
- Muita gente, eles são fortes, mas nossa magia é maior.
- Eu poderia mandar um recado para a Alex? Um bilhete? Ela precisa saber que esta tudo bem comigo...
- Não mestre! Não! Não! - e ele batia a cabeça na parede desesperado.
- Esta bem, não precisa fazer isso... - procurei mudar de assunto.
- Você vive aqui há muito tempo?
- Sim, muito tempo. Fui o elfo de mestre Dorian, ele era bom comigo. Quando ele foi expulso, eu o esperei vir me buscar...
- Foi expulso? Porque?
- Porque se casou com uma moça trouxa. A mestra não tolera, a mistura de sangue...Ai eu, não devia ter falado isso...- e pegou um abajur e o quebrou na cabeça, uivando de dor. Segurei-o e mandei que parasse com aquilo.
- Fale-me sobre Dorian, conte-me como ele era. - e o elfo ficou animado em falar do homem que segundo Wilhelmina tinha sido o meu pai.
- Ele era bom com os elfos, vivia rindo ela casa, mas depois ele foi morto, ficamos tristes, como eu não sabia aonde ir, tive que ficar...
- Como ele foi morto?
- Foi assassinado por... Não posso falar isso...
- Quem o matou? Não me importa se você vai se arrebentar depois, mas vai me contar tudo. Quem o matou? Foi o Dunstan??
- Mestre Dunstan? Não, ele nunca faria isso com o mestre Dorian, ele ficou muito triste quando aconteceu... Eles eram amigos...
- Então quem matou o Dorian?
- Foi o irmão dele, Cassius. Os bruxos sangue-puro devem ser punidos com a morte quando traem o sangue se casando com um trouxa e geram uma cria mestiça, foi o que a mestra disse, e o mestre Cassius quis agradar à mãe.
- Você quer dizer que meu pai morreu porque se casou com a minha mãe?
- Sim, foi...Mas isso é passado e o jovem mestre está aqui... Agora tenho um novo amo.
- Eu?
- Sim, o jovem Ethan é meu mestre. Pode dispor de minha vida quando quiser...- e isso me fez lembrar uma coisa que havia aprendido sobre os elfos domésticos.
- Se eu sou o seu “dono”, você tem que me obedecer não é?
- Sim... Faço tudo que o mestre mandar.
Olhei bem para ele e disse:
- Eu desejo que você me leve para o rancho dos Warrick, lá é a minha casa.
O elfo me olhou de olhos arregalados e como hesitasse eu disse mais firme:
- Quero que faça isso agora. - e um som parecido com um pop foi ouvido, e me vi num lugar do rancho, onde ficam os cavalos para serem adestrados. O capataz quando me viu soltou um grito e logo todos no rancho, sabiam que eu estava de volta. Alex chorava com Boomer no colo, e Logan, me abraçava apertado.
Foi uma confusão enorme, nunca fui tão abraçado e beijado antes, enquanto eles me falavam sobre tudo que fizeram para me localizar e eu contei sobre a barreira dos elfos. Nesta hora procurei pelo Scully e ele estava num canto encolhido e parecia assustado. O apresentei para a família e todos o acolheram muito bem. Alex me puxou para pôr a mão na barriga e sentir que até o bebê estava feliz com a minha volta, pois estava chutando para todos os lados. Não demorou muito e Dunstan entrou em contato para saber se eu estava lá. Se o bruxo não estivesse na lareira, ele teria sido linchado, pela sua cara de pau. Nunca vi tanta gente, partir em minha defesa e isso o impressionou. Alex e Logan mostraram a ele a ordem do juiz, endossada pelo Ministro Schakelbolt a respeito da audiência de custódia que iria se realizar ainda naquela semana, e que ele não se atrevesse a chegar perto de mim novamente, ele olhou ao redor da sala e Alex disse:
- Eles são apenas um décimo da família Dunstan. Avise a Wilhelmina que se ela quiser acabar com os Selwyn de vez, ela que se atreva a chegar perto do meu filho novamente.
Agora eu sabia o que os pais faziam para defender os filhos e me senti orgulhoso de saber que podíamos não ter o mesmo sangue, mas Alex e Logan eram os meus pais, mesmo que o juiz não dissesse isso.
- A custódia de Ethan não vai ser passada a vocês, pelo menos por enquanto...
- Como assim? Ele não tem ninguém e está se adaptando bem a nós.
- Ele não tem ninguém no mundo trouxa Alex, mas depois do episodio de uso de magia na escola, a custódia dele passou para o mundo bruxo, o juiz exigiu que se fizessem outras investigações...
- Você quer dizer que se estivéssemos no mundo trouxa, ele já seria nosso filho, mas aqui querem ver se ele tem família?- perguntou Alex.
- Isso é ridículo, se houvesse alguém aqui que se importasse com ele, ele não teria passado por tudo aquilo. - disse Logan tenso.
- Concordo com você Logan, mas algumas leis ainda estão em vigor, como é caso da lei de ascendência bruxa. E alguns juízes, ainda a usam. Especialmente quando é para beneficiar famílias antigas que podem estar sem herdeiros...
- Você não pode estar falando sério. Ethan vai ser examinado como um rato de laboratório, só pra provar que tem o direito de estar no mundo bruxo? - perguntou Logan.
- Não podemos admitir isso, Logan...Ele já é nosso filho... - Alex olhou suplicante para o marido, que a abraçou tentando acalmá-la.
- Calma, querida, você não pode ficar nervosa, olha o bebê... Megan, o que acontece se não aparecer ninguém? Ele vai para algum orfanato?
- Se ele não tiver ninguém, o juiz passará a guarda definitiva para vocês. Então temos que esperar as investigações terminarem. Até lá, consegui que o juiz mantivesse a guarda provisória com vocês, para que ele não tenha que ir para algum orfanato.
Naquela noite, Alex e Logan contaram ao menino sobre o problema da adoção, e prometeram que iriam fazer de tudo para resolver tudo o mais rápido possível. E como Ethan confiava neles, acreditou que tudo ficaria bem.
o-o-o-o-o-
- Já chegamos?- perguntou Brian e McBride disse:
- Ainda não...
Alguns segundos depois...
- Já chegamos?
- Não, quando chegarmos você vai ver.
....
- Você está perdido?
- Não!
Mais alguns segundos...
- Chegamos?
- Não chegamos ainda, pára de ficar atormentando senão eu erro a entrada. - explodiu McBride, e seguramos a risada.
Alguns segundos depois Ty sinalizou de novo e eu perguntei:
- Estamos na Disney??
O cowboy contou até 10, enquanto passava a mão no rosto suado, e ao olhar para o retrovisor viu Ty rindo e disse:
- Ty seu besta! Pára de pôr fogo nos pequenos e inventa algo para distrair eles. Não adianta que não vou deixar você dirigir sem carteira.
Ty fez uma careta para ele, e Sophia inventou um jogo de cantarmos músicas de contos infantis, nos dividimos em duas equipes, e logo todos cantávamos as musicas que íamos lembrando.
- Pela estrada afora, eu vou bem sozinha...Levar estes doces para a vovozinha...- cantou Beatrice lançando olhares melosos para Ty, que uivou imitando o lobo da Chapéuzinho Vermelho, arrancando risadas de todos.
- Argh, esta música é besta...Nem tá em filme da Disney. Não vale. - protestou Brian.
-É música de conto infantil, ponto pra nós. - disse Brianna enquanto viajávamos de carro até a Disney.
Quer dizer não era um carro, era um trailler, que foi ampliado magicamente para caber todo mundo, até chegarmos ao hotel onde ficaríamos por um uma semana inteirinha. E como tinha que ter um adulto pra tomar conta de nós, Annabeth e Emily foram escolhidas como guias do grupo. Como queríamos uma viagem de aventura “trouxa”, McBride o noivo da Annabeth, seria o motorista e para não haver confusão entre ele e Brian McGregor, nós o chamávamos pelo segundo nome: Apolonius, apelido "Poly", e Annabeth rangia os dentes quando o ouvia, aí é claro que falávamos o apelido de propósito. *____*
Nossa rotina lá era levantar cedo para poder aproveitar todos os brinquedos, e como o amigo do Ty, Micah, trabalhava lá, ele sempre arrumava para nós fastpass nos brinquedos mais concorridos, e num dia que ele estava de folga passou o dia com a gente, e nos levou ao Bush Gardens, e foi inesquecível, e de noite ainda saiu com os que ainda tinham fôlego. Eu, Brian, Brianna fomos dormir, porque estávamos mortos... Mas mesmo com toda a agitação, eu às vezes me sentia observado, porém antes que eu visse alguém, ou alguma coisa, lá íamos nós correndo para alguma fila do parque.
Era o nosso último dia lá e íamos brincar no Kali River Rapids, do Animal Kingdom, um parque cheio de corredeiras, e era o ideal para um dia extremamente quente. Era o dia do Micah estar naquele brinquedo, e seguindo dicas dele, já havíamos trocado de roupa para descer uma corredeira bem agitada e no nosso bote estavam: eu, Brian, Brianna, Ty, Beatrice, John, Annia, Declan, Chloe, Amber e Cody. No outro bote, logo atrás de nós vinham: Emily, Griff, Annabeth, McBride, Riven, Desireé, Julianne, Sophia, e mais uns garotos que não conhecíamos. O brinquedo era tudo que eu esperava, super radical, e nas curvas ele batia nas laterais e girava, você tinha que se segurar firme para não ser atirado para fora do bote. Tudo ia bem, quando numa destas curvas sentimos um tranco que sacudiu o barco, fazendo entrar muita água, mal tive tempo de ouvir os gritos, enquanto o bote ia virando:
- O que você está fazendo?...
- Vai virar o bote! As crianças... - gritou Ty, enquanto um homem grandalhão, usando uma capa preta que pulou para o meu lado, me agarrou e antes que alguém pudesse fazer alguma coisa para me ajudar, senti que entrava num túnel e ia sendo espremido.
Senti que o ar me faltava, e acabei apagando.
Caçador de confusão
Posted: quarta-feira, 4 de junho de 2008 by Ty McGregor inEle se sentia observado...Algumas vezes olhava por sobre o ombro e não via ninguém estranho, mas um dia ele viu que havia um homem usando vestes escuras que olhava para ao local onde eles estavam, quando chamou Brian para mostrar o tal homem, ele havia sumido. Da outra vez, enquanto a professora escrevia na lousa, os nomes das plantas e como faziam para crescer, Ethan olhou pela janela e ficou observando as árvores no terreno da escola. Passeando os olhos por ali, reparou que numa das árvores mais altas, havia um garoto que aparentava a idade do Ty, sentado no galho defronte à janela de sua sala de aula. Encararam-se por alguns segundos e quando ele se virou para mostrar o visitante ao amigo Brian, o garoto não estava mais lá. Passaram-se dias antes que o visse novamente.
Ethan, Brian, Brianna e alguns outros colegas estavam jogando “bafo” com as figurinhas dos sapos de chocolate e Ethan estava se saindo bem, e ganhou uma figurinha rara de Joe Maseratti. O garoto não gostou de perder a figurinha de colecionador e os dois acabaram se empurrando, a briga iria ser feia, mas Brianna e Brian seguravam Ethan e os amigos de Joe o afastavam:
- Ethan ganhou a figurinha no jogo, você não sabe perder. - disse Brianna
- Além de roubar no jogo, ainda precisa que uma menina o defenda. É um covarde. - disse Joe e ele e os amigos riram
- Não sou covarde, retira o que disse ou te arrebento. - disse Ethan nervoso.
- Se não é covarde, prova.- provocou Joe.
- Ele não tem que provar nada, ganhou honestamente. - disse Brianna e Ethan a olhou feio:
- Você fica fora disso. O que você propõe Joe?
- Bem, há um banheiro mal assombrado na escola. Nós vamos até lá conjurar o fantasma que mora lá.
- Fantasma? Isso não existe...- Ethan respondeu e Joe e os amigos riram, então o garoto pálido explicou:
- Este fantasma existe e é chamado de Bloody Mary ou Mary, a Sanguinária, como falam os trouxas.
- Já ouvi falar disso, mas é lenda...
- Lenda ou não, vamos até o banheiro chamá-la. Você vem ou está com medo?
- Não tenho medo. O que terei de fazer? – Ethan respondeu desafiante.
Joe riu e disse:
- Você entra lá, olha no espelho e a cada vez que você disser o nome dela tem que girar no lugar, e ao final olhe no espelho, ela aparecerá e falará com você.
- E se ela falar comigo, o que eu faço??
- Veremos se você sobrevive a isso, se sobreviver, não te atormento mais pelas figurinhas. Dizem que ela mata quem se encontra com ela, mas se você morrer, quem sentirá falta?? – Joe disse rindo e apontou na direção do banheiro.
- Ethan não faça isso... É só uma figurinha idiota... - tentou Brianna, mas o garoto olhou-a irritado e ela se calou, com o queixo tremendo. Brian deu-lhe um tapa nas costas e disse:
- A gente te espera aqui...E nem todos os fantasmas são ruins. - tentou animar o amigo.
- Você já viu algum?- e o garoto sacudiu a cabeça negando.
Ethan entrou no banheiro velho, cheio de teias de aranhas e parcialmente escuro, pois as janelas estavam cobertas com jornal. Viu alguns espelhos rachados, mas seguiu em frente, até chegar ao centro. Parou em frente a um espelho grande, respirou fundo, e começou a chamar por Mary. Fez como haviam mandado e ficou esperando. Passado algum tempo, ele sentiu algo passar correndo sobre seu pé, olhou para baixo e quando levantou a cabeça um par de mãos ensangüentadas vinha em sua direção. Seu coração disparou, seus olhos se arregalaram...
Abriu a boca para gritar, mas nada saía, seu coração batia tão rápido que ele pode sentir o medo em cada parte de seu corpo. Lembrou-se do medo subindo em ondas por sua garganta e ele fez força para engoli-lo... E se acontecesse alguma coisa com ele, quem cuidaria de Boomer? Uma energia brotou de dentro do seu peito enquanto pensava:
- Eu não tenho medo!- e virou-se para encarar o fantasma, e sentiu uma lufada de vento forte sacudir tudo ao redor e empurrar aquelas mãos para longe e ele escutou algo pesado se chocar contra a parede e um grito. A ventania foi tão forte que quebrou algumas janelas e alarmou as outras pessoas que estavam se preparando para voltar às aulas.
A diretora Sullivan chegou correndo com outras professoras e com a varinha apontou para o alto e iluminou o banheiro.
Joe e Ethan estavam embolados no chão, com manchas de tinta vermelha espalhadas num lençol todo branco.
- O que esta havendo aqui?
- Ele me atraiu-me até o banheiro para me atacar. Ele é louco! – gritou Joe.
- É mentira! Não fiz nada. - disse Ethan e talvez porque suas reações estivessem descontroladas nova lufada de vento passou pelo banheiro, agitando a todos.
Brian e Brianna chegaram correndo e começaram a falar ao mesmo tempo sobre a brincadeira, e Joe fingiu estar machucado e caiu desacordado, então a diretora Sullivan teve que levá-lo para a enfermaria e mandou Ethan para a sala da direção, esperar por ela. Ele ficou lá por um tempo e meio que adormeceu, acordou com alguém falando com ele de longe:
- O almofadinha ficou morrendo de medo, quando você o encarou...Nem bancar um fantasma de mentira ele sabe tsc, tsc.- e uma risada de adolescente encheu a sala da diretora.
Ethan se endireitou na cadeira e perguntou:
- Quem é você e o que faz aqui?- e observou o garoto usando uma jaqueta de couro e um topete igual ao do Elvis. Tinha um ar atrevido e disse:
- Vou aonde quero...
- Já o vi por aí, mas os outros não...
- Eu não estou aqui para ser visto, ainda mais por garotos catarrentos que mal saíram dos cueiros. Parecem hienas...
- Talvez se você não andasse como se estivesse no Halloween, te respeitassem. – respondeu Ethan azedo e esperou o garoto encrencar. O garoto olhou para ele e aos poucos exibiu um sorriso:
- Sabe de uma coisa? Você não é tão bocó quanto parece... Halloween, está é boa!- e riu.
Antes que Ethan respondesse ouviu a professora vindo na direção da sala e havia o som de vozes alteradas e ele reconheceu como sendo as vozes de Brian e Brianna, e quando olhou para o canto onde o rapaz estava, mais uma vez ele havia desaparecido no ar. Quando a professora entrou, ele estava olhando em baixo da mesa, para ver se o garoto havia se escondido lá, mas não havia ninguém. Talvez ele tivesse sonhado...
das lembranças de Ethan....
- Você ainda me deve dinheiro sua ordinária...- e tapei meus ouvidos. Não queria ouvir o som dos socos e gritos.
Os gritos pararam por alguns segundos. Agora eu só ouvia os gemidos dela, e esperava que aquele homem fosse embora. Sabia que era ele que arrumava aquelas coisas para ela. Ela gemia baixo, devia estar bem machucada, e isso significava que iria precisar que eu tomasse conta dela. E fazendo isso não haveria “amigos” a visitá-la pelo menos por alguns dias. Quem sabe assim, ela parasse com aquela vida e agisse como uma mãe normal. Mas não, ela não faria isso, não quando a culpa por ela ser assim era minha...
Saí do esconderijo, devia ser seguro agora... Só percebi que não era seguro quando fui jogado ao chão e recebi um chute...
- Tira as mãos de mim! NÃÃAÃOOOOO!
- Ethan acorde. Foi só um pesadelo, você está seguro aqui. - o garoto se debatia enquanto Logan tentava acordá-lo. Após algumas tentativas, o menino acordou.
- O que faz aqui?- perguntou assustado enquanto percebia suas roupas coladas ao corpo pelo suor frio.
- Você teve um pesadelo e estava gritando. Tome um pouco de água. Garoto você chuta bem, deveria pensar em praticar futebol. - Logan disse massageando a costela e estendendo um copo com água ao menino.
Ele olhou para Logan e viu que ele vestia uma camiseta amarrotada e um jeans colocado às pressas, estava descalço e tinha os cabelos desalinhados. Logan não era do tipo que gostasse de meninos, ele mesmo havia dito isso, então Ethan se forçou a respirar com calma.
- Cadê a Alex?
- Ela precisou ir ao Ministério. Um auror precisou faltar por problemas de família e pediu que ela o substituísse numa vigilância hoje.
- Ela está grávida, não tem que trabalhar de noite. Vocês são ricos! – resmungou Ethan e Logan sorriu:
- Alex não trabalha apenas pelo dinheiro, embora todos que prestem um serviço devam ser remunerados. É importante para ela poder ajudar, principalmente se for o pedido de algum amigo. Quer conversar sobre o pesadelo?
- NÃO! – disse assustado e Logan arqueou as sobrancelhas:
- Quer dizer...Não precisa... Eu estou bem.
Logan respeitou o silêncio do garoto, e não falaram mais no assunto.
O feriado de Páscoa foi uma coisa de outro mundo. Ty teve folga na escola e veio para casa ficar conosco. Era bom ter o Ty em casa, porque ele sempre estava fazendo alguma coisa, e ele fazia a Alex rir, contente, sem resmungar por estar "de molho".
Ela estava de repouso porque andou sentindo dores na barriga e o médico a mandou ficar em casa por alguns dias e isso a deixava um pouco irritada. Não comigo ou com o Ty, mas com o Logan rsrs. Nas primeiras vezes fiquei preocupado quando a vi dar alguns gritos, e no dia seguinte o encontrei dormindo no sofá, achei que ele fosse ficar zangado com ela, mas bastava ela sorrir para ele, que ficava tudo bem. E quando eles estavam bem, coisas incríveis aconteciam, como a festa de aniversário que fizeram para mim. Eu teria ficado feliz com um bolo e umas velinhas em cima, mas eles chamaram toda a família, puseram cama elástica no quintal, carrinho de pipoca, algodão doce, cachorro quente, docinhos de diversos tipos, e ao final puseram uma piñata, em forma de um bicho esquisito e tínhamos que bater nela com um bastão para quebrá-la e de lá de dentro caíam brinquedos, balas, docinhos coloridos, tinha varinhas que viravam galinhas magrelas e faziam barulhos esquisitos, pirulitos ácidos que quando a gente chupava saía fumaça da boca, alguns deixavam buracos na língua, Ty pegou um que o encheu de bolhas coloridas, rimos muito.
Quando eu achei que tudo não podia ser melhor, Logan trouxe uma caixa de papelão e disse que era um outro presente. Cheguei perto e vi que lá dentro havia uma bola de pêlos amarelada, até lembrava um daqueles caramelos puxa-puxa.
- É meu?- perguntei incerto.
- Se você o quiser...- disse Logan e eu peguei a bolinha e abracei junto ao peito. Escondi o rosto no cãozinho, fungando para segurar as lágrimas. Não iria chorar na frente de toda aquela gente.
- Como vai chamá-lo?- perguntou Ty.
- Vai ser Boomer, igual ao cara dos desenhos. - respondi.
- Será que ele vai gostar de rosquinhas?? Vai ter que disputá-las comigo. - disse Alex acariciando a barriga e rimos.
Todos brincaram um pouco com ele, mas ele sempre vinha para o meu lado. Teve uma hora os sobrinhos da Alex disseram que não era para deixar o Ty segurar o cachorro senão iria, embalsamá-lo. Quando descobri que isso era transformar em múmia, peguei Boomer no colo e olhei sério para o Ty. Ele riu e contou a historia onde ele e os amigos fizeram um enterro egípcio pro gato morto da diretora da escola em Paris e que receberam um monte de punições como castigo. Acabei rindo quando ele explicou a historia toda, e o Boomer corria para o lado dele sem medo, só para morder as luvas de couro de dragão que ele usava. Como Ty é um “irmão legal”, ele iria deixar as luvas aqui para o meu cachorro brincar com elas, quando voltasse para a escola. Quando fui dormir naquela noite, coloquei Boomer aos pés da cama no cesto como Alex mandou, mas ele estava tão sozinho... E a minha cama é tão grandona...
Ele dormiu comigo, e pela primeira vez em muito tempo não tive pesadelos.
dos rascunhos de Ethan...
- Já tomou banho hoje?
- Aham...
- Verdade verdadeira?
- Tá bom, ainda não tomei banho hoje, mas porque preciso fazer isso todo dia? Eu nem corri muito hoje. Logan não liga para isso.
- Claro que ele não “liga”, ele faz o papel de bonzinho enquanto eu sou a bruxa má. – disse Alex, empurrando-me uma toalha limpa e eu respondi rápido:
- Você não é má. É a pessoa mais legal que eu conheço e bonita também. – ela riu bagunçando meu cabelo e me dando um beijo na bochecha que fingi não gostar.
- Mas o que é isso? É impressão minha ou você está paquerando a minha mulher?- disse Logan, quando entrou no quarto e a beijou.
Brian sempre fazia cara de nojo quando via estas cenas dos pais dele, mas eu não. Eu achava que isso era bom, significava que eles se gostavam e é bom quando alguém se preocupa com você, mesmo que você não esteja muito cheiroso. :P
o-o-o-o
-Porque Millicent esta guardando o banheiro hoje, toda arrumada?
- Porque ela esta tentando impressionar o Joey. Ele voltou de viagem. - respondeu Brianna.
- Quem é este?
- É um garoto da sala dela. Vive rodeado de meninas, é o que chamam por aí de “popular”. – respondeu Brian e vi que Brianna também olhava para os lados do garoto. Prestei atenção nele, e achei que o garoto com cabelos quase prateados de tão loiros e frios olhos cinzentos, parecia um fantasma de tão pálido, mas o que eu entendo das preferências das meninas?
- Ela gosta do Joey Maseratti.- ela disse e Brian resmungou:
- Todas as meninas gostam do Joey, até você.
- Não gosto não. – ela respondeu vermelha e eu senti uma pontada desconhecida no peito.
- E o tal Joey, gosta dela? – perguntei e eles começaram a rir.
- Não! Ele é esnobe sabe? Acha-se melhor que todo mundo, um bobão. - disse Brianna e a tal pontada desapareceu e eu disse animado:
- Sabe, acho que Joey pode ser a solução para os problemas com a Millicent. – juntamos nossas cabeças e comecei a explicar para eles o que tinha passado pela minha cabeça.
o-o-o-o-
Naquela mesma semana, circulou pela escola um bilhete de Joey marcando um encontro com Millicent, no pátio da escola, e ela contou para as amigas, que contaram a outras amigas, que por sua vez contaram ao resto da escola, e no dia todos estavam de olho, pois seria algo fora do comum. Eu, Brian e Brianna ficamos por perto para poder ver tudo.
Claro que ele não foi e ela foi tirar satisfações com ele, e como ele vivia rodeado de pessoas...
- Joey, porque você não apareceu?
- Você está falando comigo Brown?
- Sim, você não apareceu ao encontro que você marcou...
- Eu nunca marcaria um encontro com você garota, olhe-se no espelho. O cheiro do cocô afetou o seu cérebro. – e ele e todos que estavam em volta começaram a rir, e ela saiu correndo para se esconder em algum lugar bem longe dali.
Antes do final da aula, eu fui ao banheiro e na volta escutei o barulho de alguém chorando, andei devagar e vi que era Millicent. Ela estava sentada em baixo das escadas e não parecia mais o trasgo que intimidava os mais novos para ganhar alguns trocados, parecia ser o que era: só uma garota.
Aproximei-me e ela disse irritada:
- Veio rir de mim também “Bob”? Pode rir, prometo não te bater muito.
- Rir demais cansa, e você não é tão valente quando está sozinha. – respondi e ela fungou, quando eu perguntei:
- Porque suas amigas não estão com você? Nunca te vi sozinha. - Elas estavam com inveja, porque Joey havia marcado um encontro comigo, mas como era mentira... São umas falsas. - e chorou mais um pouco. Toda aquela raiva que eu senti dela quando foi grosseira comigo e mesmo o gosto da vingança, pareciam tão insignificantes, que cheguei a me sentir mesquinho. Ofereci um lenço para ela e disse:
- E ficar chorando aqui, vai fazer você se sentir melhor? Ou fazer com você tenha amigos de verdade? Pare de intimidar as pessoas Millicent, ninguém gosta de ser saco de pancadas. E existirão outros “Joeys”. – após algum tempo, em que ela pensou em minhas palavras, suas lágrimas pararam e ela me olhou com os olhos vermelhos, pegou o lenço assuando o nariz ruidosamente.
Ficamos nos encarando, eu imaginava que iria levar uns bons socos, mas fiquei na minha. Não iria reagir, afinal ela é uma garota. Ela enxugou o rosto e me estendeu o lenço usado, e eu dei de ombros, indicando que ela podia ficar com ele e ela foi embora. Voltei para a minha sala de aula e percebi que às vezes a vingança não o faz se sentir tão bem quanto você imaginou.
algumas folhas perdidas de Ethan M. Warrick
Seria o meu primeiro dia de aula na escola elementar e eu estava nervoso. Não que eu não soubesse ler ou escrever, eu ia à escola quando morava com a minha mãe, mas esta seria a primeira vez que eu iria estudar por um bom período. Naquela época, eu via os olhares de pena dos professores e quando ficava difícil de esconder as marcas, e algumas delas queriam tomar alguma atitude e mandavam um bilhete pedindo para minha mãe aparecer na escola, nós nos mudávamos para algum lugar bem distante.
Desta vez seria diferente, eu iria para a mesma escola de Brian e Brianna, Alex estava comigo e a diretora era uma mulher que estudou com ela. A senhora Sullivan era baixa, tinha cabelos e olhos castanhos e era um pouco cheinha. Recebeu-nos toda sorridente, deu parabéns pelo casamento da Alex, ficaram falando coisas de quando eram meninas e quando me olhou parecia feliz em me ver ali e perguntou:
- E o que você achou de nossa escola até o momento Ethan? Acha que pode gostar daqui? Tem alguma dúvida?
Assenti e tomei coragem e perguntei:
- Será que eu poderia estudar com o Brian e a Brianna?
- No momento você ficará com os alunos novos, na sala de adaptação, temos vários transferidos. Optei por fazer uma turma separada para que cada um possa desenvolver-se o próprio ritmo e após fazer o teste de aptidão cada um vai para a turma que melhor se adaptar, e se der tudo certo poderá ficar com seus primos. – franzi os olhos e perguntei:
- É como se fosse uma turma de recuperação?
- Mais ou menos isso...
- Isso é pra retardados...
- Ouch! Olha os modos rapaz. Não se fala assim quando querem o nosso bem. - disse Alex, mas ela não estava zangada e então eu resolvi mudar o tom, eu nunca faria nada que deixasse Alex chateada ou envergonhada.
- Desculpe. Se me esforçar, posso fazer o teste antes dos outros? – ela pareceu pensar e disse para Alex:
- Já herdou a ansiedade do Tyrone. (riu). Está bem! Vamos ver como você se sai. Vou levá-lo até a sua sala.
Despedi-me da Alex e fui encarar o que seria o meu “primeiro dia de aula” da minha nova vida.
o-o-o-o-o-o-
TRIIIMM!- soou a campainha avisando do horário de intervalo.
- Andem calmamente ate o refeitório. Sem correrias... - dizia a professora Mckenzie, enquanto todos corriam para ganhar os corredores para tomar o lanche. No corredor encontrei Brian e Brianna, e ficamos conversando e rindo enquanto comíamos. Antes de voltar para a sala de aula Brianna quis ir ao banheiro e Brian disse:
- Vamos lá embaixo. Os trasgos já estão lá e hoje eu esqueci o dinheiro.
Olhei para onde eles olhavam e vi umas 4 meninas que deviam ser uns 2 anos mais velhas que nós, na frente da porta do banheiro e estavam cobrando para deixar as pessoas entrarem.
- Vocês pagam para usar o banheiro? Por quê?
- Porque Millicent Brown tem uma mão muito pesada. – disse Brian e pela cara envergonhada, entendi que ele já conhecia o peso daquela mão.
- Mas vocês são bruxos... - insisti.
- Nem todo filho de bruxo tem poderes. Os nossos ainda não se manifestaram isso geralmente ocorre na idade de 11 anos. Se eu pudesse a faria virar um sapo gordo. – disse Brianna e tinha uma expressão irritada ao olhar para a tal de Millicent. Algo dentro de mim, se rebelou e eu disse sem pensar:
- Vamos lá. Quero olhar bem para a cara dela.
Aproximamo-nos e a garota colocou a mão no meu peito ameaçadoramente:
- Pague ou volte para o lugar de onde veio, pirralho.
- O banheiro é da escola, não tenho que pagar. – a garota riu e respondeu:
-Ah, você é o pirralho dos Warrick. Sabiam que o pegaram pra criar, igual se pega um cachorrinho na rua?? Aposto que se chama Bob e abana o rabo. - e ela e as amigas riram.
- Não foi assim não, Ethan é da nossa família, não o ofenda. Sua... Sua anencéfala.- a garota parou de rir e encarou Brianna:
- Menininha intrometida e arrogante, agora nunca mais você vai usar este banheiro, mesmo que pague, porque me ofendeu e nem você “BOB’. - quando ela falou isso, senti uma fúria tão grande que minha primeira reação foi fechar os punhos, e com certeza eu partiria pra cima dela, se Brian, não me segurasse dizendo:
- Calma, Ethan, apesar do tamanho ela é uma garota, não batemos em garotas...
Peguei a mão de Brianna e antes de sair ouvi aquela criatura odiosa dizer para as amigas:
- Viram? Igual a um cachorrinho de rua. Só late. Até outra hora “BOB”.
Antes de me separar dos gêmeos disse:
- Está na hora de alguém enfrentar esta garota.
- E acha que não tentei fazer isso? Deu o maior trabalho esconder o olho roxo da minha mãe. Quando ela viu, tive que dizer que tinha batido no armário. Até hoje ela me pergunta o que houve.
- E porque não pediu ajuda aos seus primos?
- Ah, eu quis falar com eles, mas Brian disse que eles vão nos chamar de bebezinhos e rir da nossa cara. - falou Brianna.
- E isso funcionaria se eles convivessem conosco, Millicent ficaria com medo do que poderia acontecer se quisesse se vingar. – disse Brian.
- Precisamos pensar em alguma coisa... - eu disse.
- Como assim? Tipo uma retaliação?? Isso pode ser perigoso. - disse Brian prudente, mas seus olhos brilhavam, Brianna disse:
- Finalmente alguém com coragem. O que vamos fazer?
- Opa, calma lá, se ela descobre que você está no meio, vira picadinho. - eu disse preocupado e ela após olhar para o irmão disse:
- Nós vamos ajudar você, ou acha que não quero rir da cara daquele buldogue raivoso?
Rimos e combinamos de pensar em algumas idéias que poderiam fazer aquela garota metida a “dona da rua” se arrepender do que faz, pois algum ponto fraco ela deveria ter e perguntei:
- Bri, o que é anencéfala?
- Ah, é uma pessoa sem cérebro. – rimos e antes de nos separarmos Brian disse esticando a mão:
- À guerra?
-GUERRA! Gritamos nos três juntos antes de nos separarmos rindo. Acho que vou me divertir muito na nova escola.