dos rascunhos de Ethan...
- Já tomou banho hoje?
- Aham...
- Verdade verdadeira?
- Tá bom, ainda não tomei banho hoje, mas porque preciso fazer isso todo dia? Eu nem corri muito hoje. Logan não liga para isso.
- Claro que ele não “liga”, ele faz o papel de bonzinho enquanto eu sou a bruxa má. – disse Alex, empurrando-me uma toalha limpa e eu respondi rápido:
- Você não é má. É a pessoa mais legal que eu conheço e bonita também. – ela riu bagunçando meu cabelo e me dando um beijo na bochecha que fingi não gostar.
- Mas o que é isso? É impressão minha ou você está paquerando a minha mulher?- disse Logan, quando entrou no quarto e a beijou.
Brian sempre fazia cara de nojo quando via estas cenas dos pais dele, mas eu não. Eu achava que isso era bom, significava que eles se gostavam e é bom quando alguém se preocupa com você, mesmo que você não esteja muito cheiroso. :P
o-o-o-o
-Porque Millicent esta guardando o banheiro hoje, toda arrumada?
- Porque ela esta tentando impressionar o Joey. Ele voltou de viagem. - respondeu Brianna.
- Quem é este?
- É um garoto da sala dela. Vive rodeado de meninas, é o que chamam por aí de “popular”. – respondeu Brian e vi que Brianna também olhava para os lados do garoto. Prestei atenção nele, e achei que o garoto com cabelos quase prateados de tão loiros e frios olhos cinzentos, parecia um fantasma de tão pálido, mas o que eu entendo das preferências das meninas?
- Ela gosta do Joey Maseratti.- ela disse e Brian resmungou:
- Todas as meninas gostam do Joey, até você.
- Não gosto não. – ela respondeu vermelha e eu senti uma pontada desconhecida no peito.
- E o tal Joey, gosta dela? – perguntei e eles começaram a rir.
- Não! Ele é esnobe sabe? Acha-se melhor que todo mundo, um bobão. - disse Brianna e a tal pontada desapareceu e eu disse animado:
- Sabe, acho que Joey pode ser a solução para os problemas com a Millicent. – juntamos nossas cabeças e comecei a explicar para eles o que tinha passado pela minha cabeça.
o-o-o-o-
Naquela mesma semana, circulou pela escola um bilhete de Joey marcando um encontro com Millicent, no pátio da escola, e ela contou para as amigas, que contaram a outras amigas, que por sua vez contaram ao resto da escola, e no dia todos estavam de olho, pois seria algo fora do comum. Eu, Brian e Brianna ficamos por perto para poder ver tudo.
Claro que ele não foi e ela foi tirar satisfações com ele, e como ele vivia rodeado de pessoas...
- Joey, porque você não apareceu?
- Você está falando comigo Brown?
- Sim, você não apareceu ao encontro que você marcou...
- Eu nunca marcaria um encontro com você garota, olhe-se no espelho. O cheiro do cocô afetou o seu cérebro. – e ele e todos que estavam em volta começaram a rir, e ela saiu correndo para se esconder em algum lugar bem longe dali.
Antes do final da aula, eu fui ao banheiro e na volta escutei o barulho de alguém chorando, andei devagar e vi que era Millicent. Ela estava sentada em baixo das escadas e não parecia mais o trasgo que intimidava os mais novos para ganhar alguns trocados, parecia ser o que era: só uma garota.
Aproximei-me e ela disse irritada:
- Veio rir de mim também “Bob”? Pode rir, prometo não te bater muito.
- Rir demais cansa, e você não é tão valente quando está sozinha. – respondi e ela fungou, quando eu perguntei:
- Porque suas amigas não estão com você? Nunca te vi sozinha. - Elas estavam com inveja, porque Joey havia marcado um encontro comigo, mas como era mentira... São umas falsas. - e chorou mais um pouco. Toda aquela raiva que eu senti dela quando foi grosseira comigo e mesmo o gosto da vingança, pareciam tão insignificantes, que cheguei a me sentir mesquinho. Ofereci um lenço para ela e disse:
- E ficar chorando aqui, vai fazer você se sentir melhor? Ou fazer com você tenha amigos de verdade? Pare de intimidar as pessoas Millicent, ninguém gosta de ser saco de pancadas. E existirão outros “Joeys”. – após algum tempo, em que ela pensou em minhas palavras, suas lágrimas pararam e ela me olhou com os olhos vermelhos, pegou o lenço assuando o nariz ruidosamente.
Ficamos nos encarando, eu imaginava que iria levar uns bons socos, mas fiquei na minha. Não iria reagir, afinal ela é uma garota. Ela enxugou o rosto e me estendeu o lenço usado, e eu dei de ombros, indicando que ela podia ficar com ele e ela foi embora. Voltei para a minha sala de aula e percebi que às vezes a vingança não o faz se sentir tão bem quanto você imaginou.
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