Caçador de confusão

Posted: quarta-feira, 4 de junho de 2008 by Ty McGregor in
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Ele se sentia observado...Algumas vezes olhava por sobre o ombro e não via ninguém estranho, mas um dia ele viu que havia um homem usando vestes escuras que olhava para ao local onde eles estavam, quando chamou Brian para mostrar o tal homem, ele havia sumido. Da outra vez, enquanto a professora escrevia na lousa, os nomes das plantas e como faziam para crescer, Ethan olhou pela janela e ficou observando as árvores no terreno da escola. Passeando os olhos por ali, reparou que numa das árvores mais altas, havia um garoto que aparentava a idade do Ty, sentado no galho defronte à janela de sua sala de aula. Encararam-se por alguns segundos e quando ele se virou para mostrar o visitante ao amigo Brian, o garoto não estava mais lá. Passaram-se dias antes que o visse novamente.

Ethan, Brian, Brianna e alguns outros colegas estavam jogando “bafo” com as figurinhas dos sapos de chocolate e Ethan estava se saindo bem, e ganhou uma figurinha rara de Joe Maseratti. O garoto não gostou de perder a figurinha de colecionador e os dois acabaram se empurrando, a briga iria ser feia, mas Brianna e Brian seguravam Ethan e os amigos de Joe o afastavam:
- Ethan ganhou a figurinha no jogo, você não sabe perder. - disse Brianna
- Além de roubar no jogo, ainda precisa que uma menina o defenda. É um covarde. - disse Joe e ele e os amigos riram
- Não sou covarde, retira o que disse ou te arrebento. - disse Ethan nervoso.
- Se não é covarde, prova.- provocou Joe.
- Ele não tem que provar nada, ganhou honestamente. - disse Brianna e Ethan a olhou feio:
- Você fica fora disso. O que você propõe Joe?
- Bem, há um banheiro mal assombrado na escola. Nós vamos até lá conjurar o fantasma que mora lá.
- Fantasma? Isso não existe...- Ethan respondeu e Joe e os amigos riram, então o garoto pálido explicou:
- Este fantasma existe e é chamado de Bloody Mary ou Mary, a Sanguinária, como falam os trouxas.
- Já ouvi falar disso, mas é lenda...
- Lenda ou não, vamos até o banheiro chamá-la. Você vem ou está com medo?
- Não tenho medo. O que terei de fazer? – Ethan respondeu desafiante.
Joe riu e disse:
- Você entra lá, olha no espelho e a cada vez que você disser o nome dela tem que girar no lugar, e ao final olhe no espelho, ela aparecerá e falará com você.
- E se ela falar comigo, o que eu faço??
- Veremos se você sobrevive a isso, se sobreviver, não te atormento mais pelas figurinhas. Dizem que ela mata quem se encontra com ela, mas se você morrer, quem sentirá falta?? – Joe disse rindo e apontou na direção do banheiro.
- Ethan não faça isso... É só uma figurinha idiota... - tentou Brianna, mas o garoto olhou-a irritado e ela se calou, com o queixo tremendo. Brian deu-lhe um tapa nas costas e disse:
- A gente te espera aqui...E nem todos os fantasmas são ruins. - tentou animar o amigo.
- Você já viu algum?- e o garoto sacudiu a cabeça negando.
Ethan entrou no banheiro velho, cheio de teias de aranhas e parcialmente escuro, pois as janelas estavam cobertas com jornal. Viu alguns espelhos rachados, mas seguiu em frente, até chegar ao centro. Parou em frente a um espelho grande, respirou fundo, e começou a chamar por Mary. Fez como haviam mandado e ficou esperando. Passado algum tempo, ele sentiu algo passar correndo sobre seu pé, olhou para baixo e quando levantou a cabeça um par de mãos ensangüentadas vinha em sua direção. Seu coração disparou, seus olhos se arregalaram...
Abriu a boca para gritar, mas nada saía, seu coração batia tão rápido que ele pode sentir o medo em cada parte de seu corpo. Lembrou-se do medo subindo em ondas por sua garganta e ele fez força para engoli-lo... E se acontecesse alguma coisa com ele, quem cuidaria de Boomer? Uma energia brotou de dentro do seu peito enquanto pensava:
- Eu não tenho medo!- e virou-se para encarar o fantasma, e sentiu uma lufada de vento forte sacudir tudo ao redor e empurrar aquelas mãos para longe e ele escutou algo pesado se chocar contra a parede e um grito. A ventania foi tão forte que quebrou algumas janelas e alarmou as outras pessoas que estavam se preparando para voltar às aulas.
A diretora Sullivan chegou correndo com outras professoras e com a varinha apontou para o alto e iluminou o banheiro.
Joe e Ethan estavam embolados no chão, com manchas de tinta vermelha espalhadas num lençol todo branco.
- O que esta havendo aqui?
- Ele me atraiu-me até o banheiro para me atacar. Ele é louco! – gritou Joe.
- É mentira! Não fiz nada. - disse Ethan e talvez porque suas reações estivessem descontroladas nova lufada de vento passou pelo banheiro, agitando a todos.
Brian e Brianna chegaram correndo e começaram a falar ao mesmo tempo sobre a brincadeira, e Joe fingiu estar machucado e caiu desacordado, então a diretora Sullivan teve que levá-lo para a enfermaria e mandou Ethan para a sala da direção, esperar por ela. Ele ficou lá por um tempo e meio que adormeceu, acordou com alguém falando com ele de longe:
- O almofadinha ficou morrendo de medo, quando você o encarou...Nem bancar um fantasma de mentira ele sabe tsc, tsc.- e uma risada de adolescente encheu a sala da diretora.
Ethan se endireitou na cadeira e perguntou:
- Quem é você e o que faz aqui?- e observou o garoto usando uma jaqueta de couro e um topete igual ao do Elvis. Tinha um ar atrevido e disse:
- Vou aonde quero...
- Já o vi por aí, mas os outros não...
- Eu não estou aqui para ser visto, ainda mais por garotos catarrentos que mal saíram dos cueiros. Parecem hienas...
- Talvez se você não andasse como se estivesse no Halloween, te respeitassem. – respondeu Ethan azedo e esperou o garoto encrencar. O garoto olhou para ele e aos poucos exibiu um sorriso:
- Sabe de uma coisa? Você não é tão bocó quanto parece... Halloween, está é boa!- e riu.
Antes que Ethan respondesse ouviu a professora vindo na direção da sala e havia o som de vozes alteradas e ele reconheceu como sendo as vozes de Brian e Brianna, e quando olhou para o canto onde o rapaz estava, mais uma vez ele havia desaparecido no ar. Quando a professora entrou, ele estava olhando em baixo da mesa, para ver se o garoto havia se escondido lá, mas não havia ninguém. Talvez ele tivesse sonhado...