Algumas anotações de Ethan McGregor Warrick
O restante do ano passou rápido, e quando Dezembro chegou, eu estava feliz. Eu tinha Alex e Logan como meus pais e ninguém podia me tirar deles, tinha irmãos, tinha um cachorro, tinha uma família enorme que gostava de mim, estava tão adaptado ao mundo bruxo, que até tinha um elfo doméstico que insistia em ficar de olho em mim, mesmo eu dizendo que ele era livre. Incrível não é? Não sempre.
Havia coisas no mundo bruxo que me incomodavam, e muitas vezes eu me achava um ingrato por isso. Uma destas coisas era o fato de Alex, ser auror. Não que eu não soubesse que ela sabia se cuidar, e Ty disse que ela era boa no que fazia, não era isso que me incomodava.
Era o fato de saber que ela podia morrer numa destas missões que me apavorava. E quando ela saiu correndo de casa, para ajudar um amigo em apuros, eu não consegui evitar a sensação de que alguma coisa ruim poderia acontecer com ela.
Logan, quer dizer, papai ficou cuidando de nós por quase dez dias, e mamãe se comunicava através de patronos, ou pela lareira, mas a vez que mais me assustou foi através da projeção astral. No começo foi estranho ver ela inteira na minha frente, toda transparente como um fantasma, mas depois eu me acostumei.
Quando ela voltou, achei que tudo estava resolvido e teríamos um fim de ano tranqüilo, com presentes, festas, e as fábulas de Beedle, o bardo, livro que ganhei de natal de Brianna, para conhecer as historias do mundo do qual eu agora fazia parte. Mas minha família tinha outras histórias para me contar também, algumas que eu sempre achei que só existissem nos filmes de terror...
Faltavam 2 dias para o reinicio das aulas, então resolvemos aproveitar ao máximo. Eu estava nos fundos da casa jogando baseball com Brian e Brianna, Ty, Declan e Sophia, Amber e Chloe, e Cody. Era a minha vez de ser o rebatedor, e quando Declan lançou sua bola, com efeito, eu ouvi Ty gritando que era pra bater com tudo, e foi o que fiz. Bati com força, e sem querer eu arremessei a bola contra a janela da cozinha. Ainda ouvi Ty dizer um opa, antes do som do vidro se quebrando, não pude evitar dizer:
- Você devia ter pegado a bola Bri.
- Estava longe demais. - ela se desculpou.
- Você que é lenta demais. - provocou Brian enquanto todos corríamos para ver o tamanho do estrago na cozinha e vimos Consuela, a cozinheira, toda coberta de molho de tomate, nem dava para ver se ela estava brava. Começamos a rir quando ela correu atrás de nós gritando que era o monstro do molho de tomate. Depois desta farra, mamãe com seus acenos de varinhas deixou todo mundo limpo e quando estávamos na mesa comendo nosso espaguetti, um patrono em forma de águia, entrou pela cozinha e disse com a voz de tio Lu, avisando que estava chegando.
Isso nos deixou um pouco tensos, pois mamãe havia nos contado alguns dias antes, que iríamos hospedar um casal amigo dela que tinham um filho, e que eles eram uma família de vampiros.
Quando ela disse isso, eu achei que ela estivesse brincando e até comecei rir, pois sempre acreditei que vampiros, só existissem nos filmes, e claro que eu não contava Seth e tio Lu como ‘vampiros’, mas quando vi Scully no canto da sala, me olhando assustado, percebi que aquilo era verdade, e fiquei preocupado, isso deve ter aparecido no meu rosto, pois mamãe começou a explicar tudo que ela sabia sobre a família e o porque eles deviam ser bem recebidos.
Ela disse que eles não se alimentavam de sangue humano, apenas de animais selvagens, como fazia tio Lu e Seth, por isso eram chamados de ‘vegetarianos’.
Não demorou muito e logo ouvimos vozes na sala, corremos para lá e vi minha mãe abraçando e beijando os recém chegados. Era tio Lu e tia Mirian, com Ártemis no colo, que logo esticou os braços para o Ty, que a pegou enquanto cumprimentava os pais dela, Seth e sua namorada Luna, e o seu gêmeo Griff, e um jovem casal os acompanhava, e eles traziam um garotinho de uns 2 anos no colo, que olhava a tudo e todos com curiosidade.
O homem, que não parecia muito mais velho que o Ty, era Caleb, a mulher, que parecia uma daquelas modelos de revista, de tão linda que era, chamava-se Megan e o bebê era Edward.
No começo eu ainda os olhava com desconfiança, mas depois de algum tempo, percebi que eles não eram tão diferentes da minha família, pois havia um pai, uma mãe e um filho que se amavam, e isso era o que importava.
Ty havia voltado para a escola há vários dias, e eu estava vendo meu pai e Caleb jogarem xadrez de bruxo de forma acirrada.
Os bebês estavam dormindo e enquanto Haley tinha o tamanho de um bebê de 6 meses, exibindo seus primeiros dentinhos, Edward com pouco mais de um mês de nascido, já tinha o tamanho de uma criança de 2 anos e crescia mais a cada dia. Mamãe e Megan, estavam montando os álbuns com fotos das crianças e conversando sobre as compras que fariam em Paris, quando de repente Caleb ficou rígido e seus olhos desfocados. Megan saltou ao lado dele tensa, com os olhos vermelhos e as presas para fora, meu pai me puxou para trás dele, mamãe se aproximou e após alguns segundos Caleb disse olhando tenso para ela.
- Alex, uma reunião do conselho vampírico foi convocada... - e antes que ele falasse mais alguma coisa, uma coruja enorme entrou pela janela, e trazia uma carta para Caleb. Parecia oficial, pois ela tinha um lacre negro, fechando o pergaminho.
- Mas há anos que eles não se reúnem. Alguma pista dos motivos? - mamãe quis saber.
- Um dos motivos somos nós, e o outro é... São os Chronos. Nós seremos julgados. - Caleb respondeu sério.
- Pelo que Alex me falou, eles têm algumas regras que não podem ser quebradas, e os membros não são muitos...Receptivos a mudanças, não é? - comentou papai e Caleb após algum tempo disse:
- Terei que ir até lá com Megan. Se o pior acontecer, e eu for condenado, seremos mortos. - Nesta hora Megan fez um barulho parecido com um soluço, fiquei com pena dela. Caleb a abraçou e disse olhando firme para meus pais:
- Peço que cuidem do nosso filho, até ele ter idade suficiente para se cuidar sozinho...Serão alguns anos, mas sei que vai ser problemático para vocês.
-Cal, isso não vai ser necessário, vai correr tudo bem...- minha mãe começou a dizer e ele disse sério:
- Espero que tudo fique bem, mas sempre há lutas nestes conselhos e se eu e Megan não sobrevivermos, prometa que vai cuidar do Edward e fazer dele um homem bom. - meu pai foi rápido e o confortou:
- Cuidaremos do seu filho, você tem a nossa palavra, Caleb.
- Obrigado meu amigos.
Quando Caleb voltou do tal conselho dos vampiros, trouxe algumas notícias preocupantes. Ele havia sido julgado pelas acusações de ter se alimentado do sangue de minha mãe, sem a transformar em vampira e expor o mundo deles; por ter se casado com uma humana não bruxa e gerado Edward, o que eles chamavam de aberração por ser mestiço. Odeio esta palavra ¬¬
Por sorte dele, antes do tal julgamento uns vampiros anciões estiveram em nossa casa e viram que o bebê, não era uma ameaça aos vampiros e nem aos bruxos, e atuariam como defensores deles, e fizeram yum trabalho muito bom, e Caleb foi considerado inocente.
Esta sentença significava que eles seriam protegidos e ninguém poderia mexer com ele e sua família sem sofrer as conseqüências. Foi um alívio.
Porém com relação ao caso Chronos a coisa não terminou bem. O julgamento ainda estava em aberto e muitos vampiros queriam a morte deles, contra outros que queriam viver em paz com eles. E uma coisa que notamos foi que o nome de minha mãe aparecia neste julgamento também. Se eles condenassem os Chronos à morte, esta sentença se estenderia a ela. A sala de minha casa estava cheia com os Chronos, os McBride, os tios da Escócia, e quando Caleb mostrou a todos as memórias de que uns vampiros rebeldes fariam uma caçada aos amigos dos Chronos, e isso incluía Emily e Ty, mamãe ficou furiosa, mas tia Mirian lançou uns feitiços calmantes nela, e assim que ela se acalmou, começou a discutir táticas de defesa e ataque, e a fazer a lista de aliados.
Papai convocou os bruxos que defenderiam o rancho, e era tão ‘natural’ ver minha mãe dando ordens das coisas que ela queria fazer para nos defender, e papai a apoiando e fazendo planos junto com tio Lu, e eles pareciam tão unidos e firmes em suas decisões, que só naquela hora entendi que meu medo que ela se machucasse em ação, era idiota. Aqui dentro da nossa própria casa, ela corria tanto perigo, quanto se tivesse saído em missão.
No final daquela reunião ficou decidido que Ártemis e Gaia ficariam protegidas em nossa casa, junto com Edward, esta seria a forma de mamãe ajudar nesta crise, Caleb e Megan ficariam conosco, os Chronos cuidariam de Durmstrang, do Ty e dos sobrinhos que estavam lá, afinal com o torneio Tribruxo acontecendo e a intervenção do Ministério naquela escola, seria mais fácil para tio Lu praticamente dominar a parte defensiva sem chamar tanto a atenção, e os tios Dylan e Ian levariam a tropa McGregor para proteger Emily e Beauxbatons, eles seriam chefiados pelo padrinho do Ty, Sergei.
Só quando vi a quantidade de bruxos entrando e saindo de nossa casa em turnos alternados, é que me dei conta de que esta seria a primeira vez que eu veria uma batalha no mundo novo ao qual eu pertencia. Só me restava torcer para que não chegasse tão perto, e que o nosso lado vencesse no final.
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