Setembro de 2013, no Hospital Geral de Londres
-Muito bem, Jeff, hoje você está realmente cheiroso.- eu disse enquanto encontrava a equipe de paramédicos que haviam trazido um paciente para o hospital onde trabalhava.
Jefferson Kern, era um sem teto bêbado, com mais de 60 anos e várias vezes ia parar no hospital com problemas de pressão alta, crises de diabetes, machucados em brigas de rua, e em todas as vezes ele chegava ao hospital muito sujo, pois se recusava a morar nos abrigos que nós indicavamos, então o chamávamos de ‘Jeff Cheiroso’. Quando sabíamos que era ele a caminho do hospital, tirávamos na sorte, e eu fui o perdedor da vez. Hoje ele estava muito agitado e tentaram amarra-lo, pois, ele estava dando muito trabalho. Houve um momento que ele se soltou e mesmo eu estando alerta, acabei tomando um tapa no lado da cabeça, enquanto media seus sinais vitais. De repente ele parou de se debater e disse:
- Se eu morrer hoje, eu quero este anjo me escoltando,mesmo que seja para ir ao inferno.Olha ela tem até asas. - e uma voz conhecida disse, antes que eu me virasse:
- Um homem forte e simpático como você não vai morrer hoje. Acalme-se sim? Está assustando as crianças. – olhei e vi que minha mãe usava um casaco branco aberto, o homem achava que eram asas, e Jeff começou a rir feito um bobo para minha mãe.- eu disse:
- Você pode esperar um pouco? Preciso terminar de cuidar do Jeff...
- É, ele perdeu no sorteio e tem que me aturar hoje, me dá um abraço Doc?Quero ver as asas da bonitona novamente. - disse Jeff e minha mãe sorriu e juro que vi aquele velho maluco suspirar.
-Precisa de ajuda Doutor Warrick? Olá, sou o doutor Karev,chefe do departamento posso ajudá-la senhora?-e ele estendeu a mão e minha mãe a pegou de volta o cumprimentando.
- Sou Alexandra Warrick, e muito obrigada pela oferta de ajuda, mas eu preciso mesmo conversar com meu filho assim que for possivel, mas aqui está tão cheio e vai demorar tanto...- e minha mãe lançou um olhar meloso para cima do Dr. Karev, que depois de ficar parado encarando-a, pigarreou e disse:
- Bom...se é assim... Deixe que eu cuido do senhor Kern, Warrick. Tire a sua pausa para o café e vá com ela.- nem esperei ele mandar duas vezes, tirei as luvas e fui com minha mãe em direção ao café, antes que alguém me chamasse para uma emergência.
Quando estavamos sentados e com xicaras de café forte à nossa frente, eu disse:
-Você arrumou um fã. ‘Jeff Cheiroso’ vai começar a vir aqui direto esperando vê-la. E o que foi aquilo de flertar com o meu orientador?- e ela riu:
- Você está aqui não? Uma mulher com saudades do filho, usa as armas que tem. Duas semanas sem aparecer em casa, isso é coisa que se faça à sua mãe?- beijei suas mãos enquanto conversávamos e ela pareceu ficar mais tranquila e disse:
-Encontrei Brianna e fomos fazer compras. Desculpe, mas nao resisti e quis saber se ela já esta arrependida de ter recusado o seu pedido.
- Mãe, não se envolva nisso...- comecei mas minha mãe continuou falando:
-... eu quero muito saber porque ela recusou o seu pedido. Ninguém magoa um filho meu e fica por isso mesmo.
- Não fica bem discutirem por besteiras, você é a madrinha dela, têm o mesmo sangue...
- Eu nunca discuto, meu bem. Apenas disse a Brie, que ela cometeu um erro enorme ao recusar o seu pedido e me decepcionou. E não me diga que não está triste, até emagreceu, nestes meses. E o fato de você não ter saído de minha barriga como os seus irmãos, não o torna menos meu. Amo você e qualquer coisa que o faça triste, me afeta. – ela disse e nossos olhos se encontraram e vi que os olhos dela, brilhavam com algumas lágrimas, que ela segurava.
- Eu te amo da mesma forma, mãe.A minha vida só começou de verdade quando você e papai me levaram para casa. E ando exigente quanto a me casar, quero alguém, como você, não aceito menos, ok? – rimos e eu fiquei sério e perguntei:
- Agora que nós já trocamos declarações de amor diga-me: o que está acontecendo? - ela suspirou e respondeu:
- Fui chamada ao St. Mungus por Dunstan, há dois dias. Ele estava sozinho e pediu para me ver. Ele estava muito doente.– de imediato fiquei tenso, pois aquele homem havia me sequestrado quando pequeno, mas minha mãe segurava as minhas mãos com força e disse:
- Ele realmente sentia muito por tudo, filho e pediu que o perdoássemos. Disse que ficou cuidando da fortuna dos Selwyn para você...
- Eu não quero, o Estado que fique com tudo.
- Foi isso o que eu disse a ele, mas ele me implorou que eu o convencesse a aceitar o dinheiro.
- Papai sabe?
- Sim, seu pai não quis que eu fosse sozinha. No começo, seu pai estava irritado com o pedido de Dunstan, mas depois ele disse que se você ficar com o dinheiro pode fazer algo que deixe Wilhelmina se remoendo no túmulo...Você sabe, que ela odiava os trouxas. E isso pareceu trazer paz ao Dunstan que morreu logo depois. Não posso dizer a você o que fazer, só posso pedir que pense um pouco e o que você decidir terá o nosso total apoio.- acabei concordando e logo esquecemos o assunto, enquanto mamãe me atualizava sobre os meus irmãos.
Alguns dias depois
Eu estava no turno da noite, e o hospital estava tão calmo, que Brian havia escapado da cirurgia e estava junto comigo e outros colegas jogando baralho, no quarto de um paciente idoso que estava em coma. O homem já estava nesta situação há mais de seis meses e como não tinha familia, os únicos que tinham contato com ele era o pessoal do hospital. E como nós precisavamos de um local para bater um papo, comer, ou se distrair entre um atendimento e outro, todos usávamos o quarto dele, afinal ele nunca reclamou do barulho rs.
Para minha sorte, eu havia acabado de engolir meu sanduiche, quando nossos bipes começaram a soar ao mesmo tempo. Fomos para o pronto socorro e não demorou chegaram as ambulâncias. Um bêbado havia ultrapassado o sinal vermelho e acertado um carro com uma mãe e três crianças. A mãe estava bem, com apenas algumas escoriações, mas as crianças mais velhas estavam bem machucadas.
Assim que examinamos as crianças, Brian já se encarregou do menino que devia ter uns 9 anos, Grayson, eu encaminhei a menina, Emma, que devia ter uns 6 anos para nossa colega Christina, que era a residente em cirurgia pediátrica de plantão, e eu fiquei com o mais novo,Parker que devia ter un 4 anos e por sorte teve apenas uma luxação no braço e arranhões. Ele era bem falante, e logo soube que seu sobrenome era Malone, mas o de mentira era Smith. E ele ficou todo preocupado quando me contou, e eu disse que iria anotar Smith na ficha e ele ficou mais tranquilo.
Estava dando mais uma verificada em Parker, quando a mulher entrou preocupada, puxando o seu soro, e só então pude olhar bem para ela. Ela era baixa e magra, com cabelos castanhos claros, não fraca, mas delicada, e tinha uns olhos cinzentos tristes. Mas que se iluminavam ao olhar para o filho. Reparei que em seu antebraço, marcas de dedos estavam amareladas, mas o que me chamou a atenção foi o seu pescoço, exibir uns vergões como se alguém tivesse tentado estrangula-la.
- O homem que causou o acidente, depois de medicado foi preso. Grayson e Emma, já estão no pós operatório e assim que acordarem, eu a levarei até lá, senhora M...Smith. - e ela me olhou assustada. Dado o meu lapso, resolvi ser direto:
- Há algo que eu possa fazer para ajudar? A senhora sabe que existem abrigos...
- Estão lotados, e ele sempre nos encontra.Assim que meus filhos tiverem alta, nós vamos embora...
- Grayson e Emma, vão precisar estar próximos do hospital por alguns dias, ou a senhora porá a vida deles em risco.Se quiser chamo a policia e eles fazem uma ordem de restrição contra quem os assusta.
- Você não entende...Nem a policia pode impedi-lo de chegar perto de nós...Acha que não tentei? Mas não se pode fugir de um marido policial, mesmo que ele seja violento.- e me senti de mãos atadas. Mandei que a colocassem no mesmo quarto com o filho e fui até o centro cirurgico falar com Brian e Christina, ter mais informações sobre as crianças e pensar numa forma de ajudá-los.
o-o-o-o-o-
O dia da alta da familia Smith, havia chegado e eu ainda me sentia sem saber o que fazer para ajuda-los. Havia tentado vários abrigos que conhecia, mas estavam lotados. Continuei tentando mas não havia nenhum lugar seguro para aquela familia, e mesmo Brian estava procurando, pois havia se afeiçoado às crianças, a ponto de usar um pouco de magia de cura para ajudá-los na recuperação, pois se eles iam continuar fugindo, aqueles garotos precisavam estar bem. Esbarrei num envelope na sala dos médicos e era para mim.
Abri e era uma escritura e junto vinham as chaves de uma casa na área bruxa próximo ao hospital. Fazia parte da herança que Dunstan havia me deixado. Coloquei no bolso e fui com Brian para o quarto de nossos pacientes, e quando chegamos ao quarto encontramos Gwen, a mãe, e as crianças agitadas.
- O que houve?- perguntei e Emma veio até mim chorando, enquanto os garotos corriam apra Brian.
- Precisamos ir embora, uns policiais perguntaram sobre a gente, nosso pai deve estar perto...-e tomei uma decisão:
- Gwen, junte as coisas deles e venham conosco. Vamos leva-los a um lugar seguro.
- Se formos para um abrigo, ele vai nos encontrar...
- Não ele não vai, posso garantir isso.- como a mãe ainda estivesse muito assustada, Brian a segurou pelos ombros e olhou em seus olhos dizendo:
- Ele não vai chegar perto de vocês, você tem a nossa palavra.
Pedi a dois colegas que cobrissem a nossa ausência e saimos dali bem na hora, pois alguns policiais estavam no saguão, exibindo fotos.
Não tivemos tempo para pensar muito, nos afastamos até uma área mais reservada, peguei Parker no colo e Emma, e Brian segurou Gwen e Grayson, e dissemos pára se segurarem firmes em nós e não soltar. Antes que eles perguntassem mais coisas, aparatamos.
Quando aterrissamos, eles sentiram-se um pouco nauseados e enquanto respiravam fundo para se recuperar, Gwen perguntou com medo:
- O que foi isso? Vocês nos drogaram?Ou melhor: o que são vocês?
- Não tenham medo de nós. Somos bruxos e usamos nossa magia para desaparecer e tirá-los o mais rápido possivel, pois os policiais estavam exibindo um cartaz com uma foto de vocês, e desta forma não deixamos pista para o seu ex marido nos seguir. Vocês estarão seguros aqui, pois esta parte é bruxa e os trouxas não podem nos rastrear...
- Acho melhor vocês nos levarem de volta...Isso deve ser um pesadelo...- e eu me abaixei e falei com Emma, que não se afastou de mim:
- Somos bruxos bons, iguais às fadas que ajudam as princesas, das histórias que você tanto gosta.- e a garotinha colocou as mãos em meu rosto e sorriu. Brian estava conversando e olhando para Gwen:
- Se tivessemos mais tempo, não teriamos chegado a este ponto, mas vocês seriam descobertos no hospital. Se nos derem uma chance podermos ajuda-los e quando os garotos estiverem totalmente curados, nós a ajudaremos a encontrar um bom advogado e se proteger com a lei.Mas se vocês não quiserem nossa ajuda, os levamos de volta e tentaremos despistar os policiais. E basta sair da casa e seguir a estrada que você chega no vilarejo, não são prisioneiros. – a mãe nos olhava desconfiada, mas foi o pequeno Parker que salvou o dia:
- Se você é um bruxo, pode fazer aparecer um copo de leite com bolo de chocolate? Estou morto de fome.- e mesmo tensos todos riram. O garoto vivia com fome.
- Olha, eu não vou dizer que me sinto segura com esta situação, mas entre meu ex marido e dois bruxos que até o momento só nos fizeram bem, eu prefiro me arriscar com vocês..- e após olhar para seus filhos mais velhos e eles assentirem, ela disse: - Meus filhos parecem confiar em vocês, e eles são bons em avaliar as pessoas.Obrigada!
Caminhamos até a casa, e quando a abri, de varinha em punho esperei feitiços de proteção mas não havia nenhum. A casa não era cheia de móveis, mas havia o essencial, embora estivesse tudo muito sujo, mas os armários de mantimentos estavam cheios. Depois que os acomodamos, nos despedimos e Brian deixou com eles, o nosso espelho de duas vias. As crianças ficaram maravilhadas, com a forma que tudo funcionava, especialmente quando fiz um bolo de chocolate e copos de leite levitarem até eles.
Nós os deixamos instalados e voltamos para o hospital. Para nossa sorte, não sentiram a nossa falta e enquanto esperavamos mais uma ambulância chegando com outros pacientes, Brian ao meu lado disse:
- Sabe o que aconteceu hoje primo?
- Nem imagino...- disse zombando e ele disse sério:
- Você acabou de criar um abrigo para pessoas que não tem para onde ir.E isso é muito legal.
- Abrigo? Não, só estamos dando uma força... E eu nem teria idéia de como fazer um abrigo...
- O principal você já fez Ethan, você abriu o coração, o resto será mais fácil, pode contar que eu o ajudo e quando 'a familia' souber, vai ajudar também. E só mais uma coisa: nunca mais me compare a uma fada ok?Asas transparentes não combinam comigo. – ri, mas não tive muito tempo de aproveitar o momento descontraído, pois novos pacientes precisavam de nós.
Dia dos Namorados, fevereiro de 2013, Londres
Eu terminava de acender as velas aromáticas que minha cunhada Rory, havia mandado junto com as instruções de como fazer um jantar romantico para Brianna e passarmos um dia dos namorados em meu apartamento mesmo, já que eu não tive folga do hospital e Brianna estava voltando de uma semana de desfiles em Milão.
Minha cunhada só concordou com isso, depois de eu garantir a ela que havia comprado um presente incrível para Bri. Claro que minha cunhada não supeitava que eu iria pedir minha namorada em casamento, senão ela teria vindo até minha casa pessoalmente junto com tia Megan, mãe de Edward, e teriam providenciado um daqueles ambientes de revista.E isso depois de ouvir várias sugestões de dona Alex.
Quando nos vimos cara a cara, caimos nos braços um do outro e deixamos o jantar para depois, teriamos o fim de semana todo, para ter conversas sérias.
o-o-o-o-
- Andei pensando...Eu gostaria que fossemos uma familia...- eu disse enquanto estávamos comendo bolo de chocolate na cama.
- Já somos uma família, você é o filho da minha tia dãã...Filhinho da mamãe diga-se de passagem.- zombou e como eu olhei feio, ela completou:
- As minhas coisas estão aqui e tem coisas suas em minha casa, aliás, vou jogar aquele seu tênis imundo fora, está velho demais.
- Claro que somos uma familia, e o tênis fica onde está ou dou aquele seu creme verde pro Boomer.- respondi e ela disse depois de pensar um pouco:
- Não faça isso, aquele creme custa o equivalente a três pares de tênis novos. Ok, o tênis fica aonde está.- e colocou mais um pedaço de bolo em minha boca, mastiguei rápido e disse:
- O que eu quero é que seja oficial, sabe? O pacote todo:casa, filhos, cachorro...Quero que a gente se case...
- Ah, isso....- ela disse e a senti se distanciar, e vi impotente quando saiu da cama e colocou uma camiseta.
- Como assim isso? Você não pensa em se casar?
- Er...Não!
- Você não gosta de estar comigo?...Não me ama?
- Amor não tem nada a ver com casamento...Amo você demais, porém não quero me casar.E com as nossas carreiras, fica dificil conciliar. Ainda tenho muitos anos como modelo...
- Muitas mulheres tem carreiras e são casadas, a nossa familia é cheia delas...
-Sim, eu sei, mas não quero ter seus filhos...pelo menos não agora...Quero fazer uma coisa de cada vez...
- Brianna, sempre nos ajudamos e podemos contar com a familia para nos dar uma força, quando as crianças vierem e...Porque você não quer os meus filhos? Não sou bom o bastante?- perguntei irritado.
- Não seja bobo, não há nada de errado com você. Não quero filhos porque..., somos muito jovens só isso e...Quer saber? Se você ficar insistindo nisso, acho melhor a gente parar por aqui, para não ficar perdendo tempo.
- Você está falando sério?
- Se você insistir nesta coisa de casamento, sim, é melhor terminar.- e percebi que ela já estava praticamente vestida e falei:
- Suas coisas...Precisamos conversar...
- Já sabemos qual será o assunto e eu não quero mais falar sobre isso.
- Então será como você quer.Acabamos aqui!- disse orgulhoso e ela respondeu me encarando:
- Certo! Vou pedir ao meu irmão para trazer as suas coisas e pegar as minhas.Adeus Ethan!
Ela saiu rápido, como se fugisse de um incêndio e eu fiquei parado no meio do quarto me perguntando, que diabos tinha acontecido?
o-o-o-o-o-o
Edward tinha acabado de pegar o rastro de alguns veados, e sentiu a saliva encher a sua boca. Por mais que ja houvesse se alimentado ainda sentia fome. Esta não era bem a palavra porque forçar mais sangue garganta abaixo não iria resolver seus problemas. Ele queria ir ate ela...Sabia que a fome era por algo mais doce e mais perfumado que o sangue de alguns animais selvagens, porém ele não cederia aos seus desejos.Ele se curvou em posição de caça e aspirou o aroma dos animais e ia disparar atrás deles, quando um borrão o forçou a parar...
- Agora chega Edward! Eu quero que você me diga o que esta acontecendo aqui e não vou aceitar desculpas...- eu disse me materializando e apontando a varinha para o seu pescoço.
- Estou faminto..- e exibiu suas presas e eu disse:
- E dizimar todo o rebanho de veados das Ilhas Hébridas não parece estar ajudando. O que aconteceu que seu pai precisou me chamar? - e ele disparou, mas eu aparatava rapidamente quase o alcançando por segundos, porém eu não iria desistir.
- Ty, vai gostar de saber do seu progresso em aparatação, está quase conseguindo se igualar a ele.Será útil numa luta... Por Merlim, preciso de sangue e acho que você não será rápido o bastante desta vez. - ele disse exibindo suas presas e eu respondi calmo:
- É isso o que você quer? Se este for o preço a pagar para saber o que você tem, eu pago.- e estiquei o braço e ele pode ver que eu tinha veias fortes e acredito que podia até ouvir o sangue fluindo por elas agitado.Vi que ele ficou como que hipnotizado por aquilo e devia estar até sentindo o gosto do veneno subindo pela sua garganta, mas eu o fiz acordar:
- Seja o que você mais teme Edward, deixe a sua natureza agir.
Ele respirou fundo e recolheu suas presas e disse, enquanto seus olhos voltavam ao normal:
- Eu senti sede por alguém a noite passada... Em Hogwarts...
- Você devia estar sem caçar há alguns dias...É normal não é?- e ele respondeu:
- Não, eu não vou para lugares com muita gente sem me alimentar antes, mesmo entre a familia, você sabe...E desta vez está igual a quando estávamos na escola...Eu acho que mudei.- e eu comecei a olhar para ele e me aproximei fazendo um exame mais detalhado.
-Mas como isso foi acontecer?- perguntei.
- Nós nos beijamos...Quer dizer, eu quis fazer uma brincadeira, mas quando a beijei eu quase perdi a cabeça, eu queria tudo dela, Ethan.
- Tudo?Quer dizer, sexo?- e ele acenou com a cabeça.
- Sim, senti um desejo tão intenso, que quase me fez esquecer as regras, e foi ficando muito forte...O gosto do beijo dela me atingiu em cheio e era bom...Chego a sentir o gosto do veneno na minha boca, quando me lembro o quão macia ela é...
- Você se atracou com a Haley?- perguntei indignado e ele se assustou com a fúria em meus olhos:
- Não, não foi a Haley, ela é minha irmã, não sou tão monstro assim. E só pra constar cronológicamente temos a mesma idade...
- Sim, mas você tem o fisico de um homem adulto, Haley ainda é uma criança...Diga quem é a garota?
- Elizabeth.
- Que Elizabeth?- e ao olhar para seus olhos, eu soube:
- Elizabeth Weasley? A nossa Lizzie? Você ficou maluco?Você queria...?
- Sim, e ainda quero.- ele disse me cortando.
- Você vai se afastar dela!- ordenei categórigo e ele respondeu:
- Não posso, acho que estou apaixonado e...
- Vampiros não se ‘apaixonam’ como ´pessoas comuns por mais que Lizzie seja bonita, e tenha uma aparência incrivel, ela ainda é uma menina, Eddie.
- Mas o que poderia haver de errado?Eu a quero Ethan, como nunca quis ninguém antes...
- Pelo que estou percebendo você entrou na fase adulta e o que esta sentindo agora é apenas luxúria....
- Não fale como se eu fosse uma pessoa fútil ok?Sei o que sinto. – ele disse irritado e eu continuei:
- Você sabe que se houver algo sério entre vocês, e se você não a matar ou a transformar, ela vira um alvo para todos os vampiros inimigos.- como ele ficasse calado, continuei:
- E se não for amor? O que vai se dela? Da familia dela? Já pensou nisso? E a mágoa que você vai causar à Morgan?- eu apelei e foi como se eu jogasse um balde de água fria e ele perguntou:
- O que eu faço? Não consigo tirar o beijo dela do meu sistema, e sei que ela sentiu algo por mim...
- Eddie todas as garotas sentem algo por você, mas daí a achar que elas seriam capazes de ficar com você pela eternidade, é um passo muito sério. E Lizzie tem apenas 16 anos, acha que ela sabe direito o que é o amor? Ela ainda não teve tempo de viver isso plenamente, e vamos ser francos, nem você.- continuei:
- Ser adulto implica em decisões dificeis e você tem a obrigação de deixar Lizzie fazer as escolhas dela, sem este seu glamour em volta dela.Eu entendo que você esteja encantado por ela, mas isso aconteceu na época de seu amadurecimento como vampiro, então isso seria normal. E torno a lembrar: ela só tem 16 anos, e embora tenha um corpo de mulher, psicológicamente ainda está amadurecendo. Você tem noção do que uma gravidez faria com ela?
- Gravidez??
- Eddie, em algum momento ela acabará engravidando, aconteceu com a sua mãe e seu pai, no seu caso, seria até mais fácil, porque você é um mestiço. Veja Seth e Luna como exemplos, nós sabemos a luta que foi para manter Luna viva sem a transformação.
- Sim, você tem razão. Eu não posso expor a Lizzie ou qualquer um que eu ame deste jeito. Como vocês dizem: ‘se você a ama, deixe-a livre, se for para ser sua, ela voltará’. Frase típica de rejeitado. - rimos de forma triste, mas o sorriso não chegava aos meus olhos.
- Estou sentindo uma dor vinda de você que está me deixando pior do que antes.- como eu evitei encará-lo, ele fez eu me virar e ao olhar em seus olhos, ele não se conteve:
- O que houve com você e Brianna?Era ontem o tal jantar não era?
- Sim, foi...Mas não houve nada...Não haverá mais nada.
- Como assim?
- Eu a pedi em casamento e ela disse não. Simples assim.- respondi e ele ficou pasmo.
- Como assim disse não? Vocês se amam...Dá até calor de ficar na mesma sala que vocês. E as coisas de vocês ficam na casa um do outro,qual o problema?
- Pois é, eu queria oficializar isso, mas ela não quer e disse que se eu insistisse era melhor cada um ir para o seu lado.
- Ela terminou?- perguntou Edward espantado e eu fiz que sim.
Ficamos algum tempo olhando para todo aquele verde que eram as Ilhas Hébridas e a paisagem irlandesa nos acalmou. Após algum tempo, eu disse:
- Acho que depois de tudo isso deviamos sair e encher a cara. Está melhor?
-Sim... Ethan sei que você precisa relatar à Morgan, tudo o que me acontece...
- Não se preocupe Edward, vou dizer apenas que você entrou na idade adulta, e que não precisou tomar sangue de dragão novamente, seu controle foi ótimo. E quanto ao que está havendo com o seu coração, fica entre nós.
Voltamos para Londres e depois de tomarmos alguns drinks, Edward voltou para sua música, eu voltei para minha vida no hospital.
Quem sabe daqui ha algum tempo, eu possa fazer Brianna pelo menos me dizer qual o real motivo do seu medo de casamento.
Londres, Abril de 2015
10 Broadway, Westminster - Sede da Scotland Yard
A partir do momento em que se formam na Academia de Aurores, a maior parte dos alunos não vê a hora de começar a viver a rotina do Quartel General, caçando bruxos das trevas e colocando em pratica tudo que levaram três anos para aprender, mas nem todos querem viver somente aquela rotina. Desde que um acordo entre trouxas e bruxos foi feito, juntando forças pela segurança dos dois mundos, todo ano um grupo de novos aurores aguarda ansiosamente pela chance de se juntar ao grupo de elite da policia de Londres, a Scotland Yard.
O programa aceita somente 20 alunos a cada dois anos e a seleção é muito rígida. Os jovens aurores são submetidos a todos os tipos de testes de aptidão e aqueles 20 que se destacam, em uma turma de quase 100, são selecionados. No grupo de aurores ansiosos da turma de 2015 estavam Nick, Connor, Rebecca, Otter e Nigel. Cada um com uma ambição diferente dentro do programa, mas com as mesmas expectativas. O grupo de aurores aguardava pela chegada do capitão da equipe de recrutamento em um auditório lotado e depois que ele fez um discurso sobre o programa, organizou a distribuição dos aurores em grupos, de acordo com as divisões em que pretendiam trabalhar.
Nick se inscreveu na Divisão de Repressão a Seqüestros, Seção de Investigações; Nigel optou pela Divisão de Repressão a Seqüestros, Seção de Negociação; Otter queria trabalhar na Divisão de Inteligência, Seção de Operação de Inteligência; e Connor e Rebecca acabaram se inscrevendo para o mesmo trabalho, na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado, Seção de Investigação.
- Parece que vamos trabalhar juntos – Connor mostrou a ficha de inscrição idêntica a dela enquanto procuravam pelo coordenados de seu grupo.
- Se você não tomar outro porre como no dia se St. Patrick’s, tudo certo – ela o provocou, pois sabia que o amigo ainda ficava constrangido com o incidente.
- E a sua aventura de St. Patrick’s? Teve um desfecho?
- Não... Ensaiei um discurso para terminar com ele, mas me acovardei.
- Então vão se casar?
- Não! Disse que ainda era cedo e ele prometeu não voltar a falar disso.
- Como ele está se saindo? – Connor riu, já sabendo a resposta quando ela revirou os olhos.
- Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado, por aqui! – ouviram uma voz grave chamar e uma mão sinalizando para a direita – Vamos, todos por aqui.
O grupos de aproximadamente 15 pessoas seguiu o homem fardado até outra sala, bem menor que o auditório, e se acomodaram nas cadeiras. Quando todos já estavam sentados a porta foi fechada e uma apresentação de slides começou a ser projetada em um telão, enquanto o homem ia falando sobre a corporação e a divisão que escolhemos. Era uma espécie de SWAT britânica. Quando terminou, ele assumiu o microfone
- Muito se ouve falar que a New Scotland Yard é uma polícia que atua desarmada. Não é de todo errada a afirmação, já que a maioria dos policiais que atuam no policiamento de Londres não utilizam armas de fogo. Nós não somos esses policiais. A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado é um grupamento altamente treinado, composto por cerca de 2 mil homens, que atuam portando armas de fogo, e que estão sempre à disposição do policiamento ordinário caso o reforço armado seja necessário – uma pequena agitação encheu a sala, mas foi imediatamente cessada – Trata-se do Central Operations Specialist Firearms Command, o CO19, uma das tropas de elite das polícias do mundo. O CO19 conta com snipers (atiradores de elite), especialistas em explosivos, time tático, cães farejadores e equipamento de primeira linha, como pistolas Glock, Metralhadoras MP5 e rifles PSG1. Vocês serão treinados para manejar essas armas e em um mês, os quatro que melhores se saírem nos testes, se juntarão à equipe.
Connor e Rebecca se olharam ansiosos, enquanto o homem saia do palco e seus assistentes distribuíam fichas de inscrições detalhadas aos aurores. Aquele seria um mês intenso, mas ambos dariam o melhor de si para fazer parte daquele grupo.
Três meses depois
A fase de treinamento havia sido intensa e mais árdua que os três anos na Academia de Aurores, mas no mês seguinte todos os cinco haviam conseguido garantir suas vagas dentro da Scotland Yard. E enquanto Nick, Nigel e Otter trabalhavam dentro da Sede, cada um em seu setor, Connor e Rebecca passavam a maior parte do tempo no campo de treinamento, aperfeiçoando as técnicas de tiro que haviam aprendido durante o recrutamento. Saiam apenas quando Nick localizava alguma situação critica e acionava os serviços do CO19.
Connor começava um treinamento mais intenso para se tornar um sniper e Rebecca estava cada vez mais à vontade trabalhando com o time tático da divisão, mas nenhum dos dois tinha permissão para sair sem supervisão para atender algum chamado. Os quatro selecionados ainda precisariam passar por um longo período de treinamento até que estivessem aptos a sair às ruas sozinhos.
- E ai, como estão as coisas por aqui? – Rebecca sorriu ao ver o primo chegar ao campo. Ele carregava um envelope na mão – Já conseguem acertar um esquilo do alto da Tower Bridge?
- Ei Nick, está perdido? – Connor viu o amigo chegar e se aproximou, travando a arma que carregava.
- Vim a mando do comandante, onde está o supervisor de vocês?
- O que é isso? Alguma emergência? – Connor perguntou ansioso.
- Tem um homem no metrô, parece que está armado e já parou todas as linhas – Nick entregou o envelope ao oficial – O Comandante quer uma equipe tática e snipers lá, imediatamente.
- Ok novatos, se querem uma chance de mostrar serviço de verdade, chegou a hora – o oficial se virou para os aurores novos e alguns já experientes no campo – Quero uma equipe pronta para sair em cinco minutos.
- Boa sorte – Nick fez sinal positivo para a prima e o amigo e voltou para o prédio.
A equipe tática e de atiradores se organizou depressa e antes dos cinco minutos dados pelo capitão já se locomoviam rumo a estação Baker Street. O caos tomava conta do local e a equipe teve que agir rápido para remover as pessoas que ainda circulavam por lá em segurança, enquanto a equipe tática se posicionava para cercar o suspeito. Não foi preciso mais que cinco minutos para que percebessem que não se tratava de apenas um, mas na verdade quatro homens armados fazendo as pessoas dentro do metrô de reféns. Nigel apareceu logo depois que o esquema de operação foi montado, com outros funcionados da Divisão de Seqüestros, e começaram as tentativas de negociação com um dos homens.
- Wade, Storm, vocês vêm comigo – o oficial River ordenou e os dois pegaram as armas, se juntando a ele e ao auror Curtis – Vamos entrar no metrô por debaixo dele. Não façam nada sem a minha autorização, entenderam? – e eles assentiram, ansiosos – São quatro seqüestradores, quero cada um com um deles na mira, os snipers estarão aqui fora com eles na mira também, então esperamos não precisar atirar lá de dentro. Vamos.
River conduziu seu grupo pelo túnel do metrô até o outro lado do vagão onde os homens mantinham mais de 20 pessoas de reféns. As luzes já estavam todas desligadas para dificultar qualquer ação dos homens e alguns minutos depois, os quatro já estavam dentro de um vagão vazio, com uma boa visão dos homens circulando sacudindo as armas para o alto, alguns metros de distancia dali. Utilizando apenas sinais com as mãos, River passou as coordenadas a equipe e eles se dividiram, avançando pelos vagões.
Foi tudo tão rápido que Rebecca não conseguiu memorizar a ordem dos acontecimentos. A equipe já estava dentro do vagão ao lado dos seqüestradores, cada um com um deles na mira, e uma bomba estourou nos trilhões. Curtis perdeu o equilíbrio com o impacto e derrubou a arma, chamando a atenção do homem que estava mais próximo. Rebecca o tinha na mira, mas antes que pudesse reagir ele já havia disparado contra a pessoa mais próxima a ele. Quando o barulho do tiro ecoou pelo túnel deserto, um corpo caiu do outro lado do vagão. Os snipers do lado de fora dispararam quatro tiros certeiros ao ouvirem o disparo e as pessoas no metrô começaram a gritar, mas Rebecca já não via nada ou ouvia barulho algum. Tudo que ela via naquele momento era o corpo de Connor jogado no chão, sujo de sangue, porque ela não havia sido rápida o bastante.
Dia dos Namorados, Fevereiro de 2005, Beauxbatons, França
Algumas memórias de Ethan McGregor Warrick
- Eddie, anda logo, ou vamos perder o barco.- eu chamei puxando as cobertas e Edward respondeu puxando-as de volta e cobrindo a cabeça, dizendo com a voz abafada.
- Eu não vou...Não me sinto bem.Avise a Gail que depois eu falo com ela, ok?
Ainda insisti mais um pouco e como não consegui nada, acabei saindo do quarto e encontrando Brian que me esperava perto da entrada do nosso salão comunal, a Lux.
- O que ele tem? Arrependimento por marcar um encontro com Gail Sommers? Ela é muita areia para ele. - disse Brian enquanto ajeitava o cabelo novamente, e eu senti um cheiro esquisito:
- Cara, o que é isso? Você está fedendo...
- Não estou fedendo, é o perfume que ganhei da Carmen, e ela o acha demais.Acho que estou amando...
- Você disse isso, da Regina Agnello, semana passada, e ela é italiana...
- O amor não tem fronteiras...- fiz cara de quem ia vomitar, mas acabei rindo junto com ele, enquanto íamos em direção ao lago da escola.
Estavamos na fila apresentando os passes para Gerard, o guarda caças, então ele liberou Brian e ele correu para se juntar a sua namorada atual me deixando para trás, quando chegou na minha vez o guarda caças me olhou sério e disse baixo:
- Houve confusão na floresta ontem à noite Warrick, estava envolvido?
- Não. Deitei-me cedo, porque? O que aconteceu?
- Achei dois cervos mortos e alguns coelhos...Algumas árvores foram arrancadas, outras têm marcas de garras...Achei que você e seus amigos tivessem feito outro experimento de química novamente.
Ele se referia à vez que inventamos de fazer um foguete trouxa e manda-lo voando até a Lua, usando combustível de foguete contrabandeado, comprado Dunga Fletcher, tudo ia bem, mas o problema foi que Brian colocou um pouco a mais de combustivel e o tanque por ser pequeno, transbordou, e com o calor começou a gerar faíscas, que ameaçavam incendiar toda a floresta ao redor da escola.
Para nossa sorte, Eddie estava com a gente, e ele usando sua velocidade, rapidamente achou uma pequena caverna e jogou o experimento lá dentro, antes de explodir. Pelo barulho que fez, não escapariamos com vida. No dia seguinte, as pessoas na escola, comentavam sobre o pequeno terremoto, que houve durante a noite. Claro que o Gerard achou os restos de foguetes e chegou aos autores da façanha.
Como ele fez isso? Adivinhação? Trabalho de CSI? Não, como projetistas orgulhosos, cada um de nós colocou suas iniciais no foguete para a posteridade. Bem, nós tínhamos 11 anos, éramos ingênuos.
Como não havia nada contra mim desta vez, ele me liberou, quando dei dois passos, ele disse:
- Não teria nada a ver com vocês mesmo, os animais estavam totalmente sem sangue...- estaquei, e senti que não devia ir no passeio e dei meia volta.
- Hey, onde vai Warrick?- e eu disse:
- Desisti do passeio, estou com dor de barriga.- vi que Brian já estava muito longe para me ouvir, então voltei correndo para o meu dormitorio, entrei e abri as janelas com força, deixando o sol entrar, me aproximei da cama de Eddie e puxei suas cobertas e que vi me deixou chocado:Ele estava com as presas à mostra e os olhos injetados de sangue.
- O que diabos aconteceu com você?- perguntei e tentei me aproximar e ele ergueu as mãos me parando:
- Não sei, não se aproxime, é perigoso...- e as presas e os olhos voltaram ao normal.
- Qual é, você perigoso?- e como apesar da aparência ele exibisse preocupação comigo eu me mantive no lugar.
- Quando isso começou?- perguntei.
- Há duas noites atrás...Eu estava aqui e de repente, me senti faminto...Acabei com tudo que tinha na geladeira e quis mais...- e olhei para o painel disfarçado em nosso quarto que escondia uma geladeira, que tinha bolsas cheias de sangue de animais.
- Foi você ontem à noite na floresta?
- Sim, foi. Eu tentei resistir, mas ficar aqui, estava me deixando mais e mais faminto...E nunca parece ser o suficiente Ethan...Não sei o que está acontecendo comigo...Eu estou ficando com medo de machucar alguém...- pensei em chamar minha irmã mais velha, Emily, mas ela havia saído no passeio com os alunos.
- Você não vai fazer isso, nós vamos dar um jeito. – fui até nossa janela, pensando em mandar um patrono para meus pais, mas na hora pensei que se Eddie estivesse passando por algum problema de saúde, a ajuda teria que vir de alguém que entendesse tanto de vampiros quanto mamãe. Ouvi o estômago dele roncando.
Chamei Scully, meu elfo doméstico que havia pedido para vir comigo para a escola, pois não queria ficar longe de mim. Pedi a ele que me trouxesse as bolsas de sangue de animais para Eddie e ele após ver como estava meu amigo, foi mais que depressa cumprir as minhas ordens, e fez questão de ficar de vigília no quarto, eu sabia que a intenção dele era me proteger de um ataque de Edward.
Após algum tempo enquanto esperávamos pela resposta ao meu chamado, Edward levantou e parecia ter muita energia e queria sair para caçar. Pedi que ele esperasse mais um pouco, e mesmo sabendo que o meu patrono havia saido há apenas uma hora, para mim parecia mais. Edward resolveu se deitar e acabou adormecendo, enquanto eu o vigiava.
Quase pulei da cadeira quando um enorme urso prateado entrou pela janela e disse na voz clara e forte de meu irmão.
“Estamos chegando, tudo vai ficar bem...Crianças...”.
Em qualquer outra ocasião eu iria bufar pela provocação de Ty, mas hoje eu me sentia aliviado, sabia que ele nos ajudaria em tudo. Não demorou muito tempo, ouvi batidas na porta, e era meu irmão Ty e Morgan Weasley, acompanhados de madame Maxime.
Nos abraçamos e Morgan já foi logo para os lados de Eddie e ele estava se sentindo fraco, e mal abria os olhos, mesmo eu tendo o alimentando com o sangue que Scully havia trazido.
- Muito bem, me conte o que houve.- disse Morgan, e contei a ela o que Edward havia dito.
- E como ele está em relação a companhia de outras pessoas??- Morgan perguntou e eu disse:
- Há alguns dias, algumas garotas têm andado atrás dele e pensando bem, alguns garotos também, achamos que fosse por causa da música, e ele até se interessou por algumas meninas, mas não foi além disso. Porque?
- Bem, há duas noites atrás, começou a lua cheia, e era uma lua azul. Acho que ele deve ter sentido os efeitos desta mudança de fase, por isso ele está faminto...Eu acredito que ele entrou na puberdade.
- Você tá me zuando...- disse chocado e nesta hora Edward se levantou e exibia as presas e os olhos vermelhos e assumiu uma posição de ataque. Ty se colocou à nossa frente e disse:
- Woow garotão! Vamos nos acalmar...
- Estou com fome...
- Na sua idade vivia faminto, mas nem por isso quis morder meus amigos, então segura a sua onda...
- E se eu não quiser? Quem vai me impedir?- ele respondeu enquanto saltava e tudo foi tão rapido que eu só ouvi um estampido e Eddie sendo jogado na parede, enquanto Ty respondia:
- Então eu paro você, de um jeito ou de outro. – e vi que Ty estava em postura defensiva, olhando fixamente para Edward, enquanto empunhava a varinha decidido.
Senti um arrepio, quando me dei conta que ali estava o auror classe 9 dos Chronos, que tio Lu tanto elogiava. Meu irmão era alguém que seria capaz de matar o Eddie se ele ameaçasse as nossas vidas.
- Ele só precisa saber o que está acontecendo com ele, só isso. É o Eddie, mano, relaxa...- eu disse e fui me aproximando de forma a ficar na frente do Ty e proteger o meu amigo. Eddie voltou ao normal e em seus olhos haviam lágrimas arrependidas.
- Desculpem! Eu sou um monstro mesmo...
- Não, você não é, Edward, nós o conhecemos. Pelos meus calculos, você entrou na puberdade, e como há dois dias começou a lua cheia, isso só duplicou o seu apetite. Tudo o que você precisa é se alimentar melhor.- disse Morgan, e vi Ty relaxar sua postura.
- Mas e a minha sede por sangue humano, tia Morgan??Foi dificil ver o Ethan dormir e não ataca-lo.- ele admitiu e Madame Maxime ofegou. Ty brincou:
- Ethan tem sangue ralo, não vai te alimentar direito. Melhor seria um escocês não?
- Ou uma irlandesa... – disse Morgan entrando na brincadeira, mas eu disse:
- Se houver a necessidade de dar sangue humano ao Eddie, eu faço isso.
- Você sabe as consequências disso? – perguntou Morgan.
- Sei que criaremos um vinculo igual ao que mamãe tem com tio Lu e tio Cal, mas Eddie é meu irmão também, não vou deixa-lo na mão.
- Mas quando ele beber o sangue do senhor Warrick, poderá querer o sangue dos outros alunos.É uma fome crescente, e não vou arriacar os outros estudantes. - disse Madame Maxime e Morgan respondeu:
- Eu acredito que não será necessário uma medida tão extrema, Maxime, e ando pesquisando algumas coisas sobre o sangue de dragão, a respeito de equilíbrio...
- Um dos doze usos, é o equilibrio em pacientes com colapso mágico não? Acha que pode funcionar?- eu disse e Morgan me olhou surpresa.
- Sim,é um dos doze usos. Vejo que você tem estudado bastante, isso é matéria do sexto ano.- e Ty não perdeu a chance:
- Desculpa Morgan, ele é nerd...Sinto-me constragido.- olhei feio para meu irmão e Morgan continou:
- Acho que devemos tentar. O sangue de dragão tem muitos poderes curativos e pode saciar esta sede do Edward, pois irá equilibra-lo magicamente, já que ele tem sangue bruxo. E assim, ele não precisa sair de sua dieta ‘vegetariana’ provando sangue humano, justamente numa fase tão complexa que é a puberdade.
- Mas você fala de um jeito, que aparece que um dia eu vou beber dos humanos.- antes que Morgan respondesse Ty disse:
- Edward, pelo que aprendi sobre os vampiros nestes anos, eles podem evitar o sangue humano por muito tempo, como você e sua familia têm feito. Mas haverá um momento em sua vida que você vai beber de alguém, nem que seja para salvar a sua vida, afinal estamos em guerra com os vampiros, não se esqueça. Mas acho que a gente deve se preocupar com isso quando a hora chegar não é? Agora você está na puberdade, tem muito tempo pela frente. E acho que Morgan, vai conseguir te ajudar. – Eddie se mostrou infeliz e Ty continuou:
- Apesar dos contratempos, fique feliz, pois a minha puberdade não foi tão suave quanto a sua, tive algumas espinhas, poucos pelos no peito, até me apaixonei por uma garota mais velha, eu era um sem noção total, foi um inferno. – sorrimos e Morgan tirou um frasco do bolso que não tinha mais de 5 ml, e se aproximou de Eddie.
Ela pingou uma gota em sua língua, como se fosse uma vacina e por uns segundos parecia que não iria acontecer nada, mas de repente ele começou a voltar ao normal, Seus olhos ficaram dourados, sua pele perdeu a palidez e não havia mais presas, aparentes. Ele sorriu agradecido e bocejou. Ty e Morgan começaram a se preparar para ir embora, então Madame Maxime nos deixou a sós, dizendo que qualquer coisa, era para chama-la.
Ty abraçou Edward e disse algumas coisas num idioma que não reconheci. Vi que meu amigo assentia e trocaram um longo abraço. Morgan fez o mesmo, e novamente ouvi aquela língua. Abracei meu irmão e quando me despedia de Morgan, ela disse:
- Você foi ótimo cuidando de Edward e me poupou muito trabalho, passando os detalhes que observou nestes dias, com isso você salvou a vida dele. Acho que você se tornaria um ótimo curandeiro, já pensou nisso?
- Eu seria um risco para os pacientes, mas se você fosse a minha orientadora...- disse e ela respondeu sorrindo me olhando nos olhos:
- Verei você daqui a dois anos na emergência do meu hospital, eu sei que você estará lá.
Dois anos depois, numa manhã fria e nublada eu estava na entrada do Hospital St. Patrick, na Irlanda, junto com vários outros estudantes, sonhando em me tornar um bom curandeiro sob a supervisão de Morgan O’Hara Weasley.
Londres, Março de 2015 – St. Patrick’s Day
O dia de St. Patrick era o dia mais esperado do ano, a menos para o nosso grupo. Agora formados, tanto em Hogwarts quanto na Academia de Aurores, era o dia do ano onde podíamos levar ao pé da letra o lema de que no dia de St. Patrick tudo pode acontecer.
Ninguém tinha um plano ainda, só sabíamos que a noite deveria ser de celebração e não havia lugar melhor que o Scavo’s para se reunir e decidir o que fazer. Connor e eu fomos os primeiros a chegar, com roupas verdes como combinado, e Nigel nos saudou por detrás do balcão. Otter já estava sentado na nossa mesa de sempre, com a namorada Allyson.
- Ah cara, você ta trabalhando hoje à noite? – reclamei quando ele veio até nossa mesa atirar os cardápios – É dia de St. Patrick. Deveríamos fazer algo divertido, esqueceu?
- Não, não esqueci, não vou trabalhar a noite toda. Mamãe teve que sair pra socorrer minha tia, só estou cobrindo até ela voltar.
- Ótimo, então traga quatro cervejas amanteigadas enquanto ela não volta – Connor pediu folheando o cardápio e Nigel voltou ao bar.
- E ai? Perdemos a diversão?
Ethan chegou até nossa mesa e vinha acompanhado de Brian, Brianna, Becky e Alex. Todos trajavam roupas verdes, uma tradição do dia, e nos esprememos para cabermos todos na mesa que não era tão grande assim. Algumas rodadas de cerveja amanteigada e whisky de fogo depois, decidimos que a melhor comemoração seria ali no pub mesmo, que não precisaríamos ir a nenhum outro lugar para se divertir, mas Becky e Alex tinham outros planos.
- Vocês precisam mesmo ir? – Otter perguntou desanimado pelo desfalque na turma.
- Becky não precisa, mas eu não tenho escolha – Alex respondeu dando de ombros – É a festa do comitê olímpico britânico, se eu não for vai pegar mal.
- E eu não vou celebrar o dia de St. Patrick sem você, então também tenho que ir – Becky respondeu sorrindo e segurou sua mão, enquanto pegava a bolsa na mesa – Vemos vocês pela madrugada, sei que não vão sair daqui tão cedo.
- Tudo bem, cara? – Ethan perguntou a Connor assim que Becky e Alex saíram do bar.
- Tudo, e você? – Connor respondeu parecendo confuso e sufoquei um riso.
- Cara, a garota dos seus sonhos acabou de sair com o namorado, isso me abalaria um pouco – Brian completou e agora todo mundo disfarçou a risada.
- Ela não é a garota dos meus sonhos, já desencanei. Eles estão juntos há muito tempo, não é justo.
- Ah então ela ainda é a garota dos seus sonhos, mas você não quer mais lutar porque acha que não é certo – Brianna completou e ninguém mais fingiu não achar graça.
- Já pensei muito sobre isso e tomei minha decisão.
- Esse é o problema, Connor – Otter o encarou sério – Você pensa demais. Precisa ser mais espontâneo, agir por impulso.
- Falou o cara mais impulsivo do planeta – Connor disse sarcástico.
- E ainda assim eu estou com a garota que quero ao meu lado – Otter abraçou Allyson e todo mundo riu.
- Não, não, Otter tem razão – interrompi os risos – Você pensa demais, cara. Já experimentou desligar o cérebro por um dia? Fazer tudo sem pensar antes?
- E como se faz isso?
- Fácil – Ethan estalou o dedo e Nigel olhou para nossa mesa – Ei Nigel, traga 5 doses dessa coisa verde de St. Patrick que está no cardápio.
- Álcool não desliga meu cérebro. Nada desliga ele.
- Bom, é o que estamos prestes a comprovar... ou não – Nigel trouxe 5 copos com um liquido verde que parecia grama e colocou na mesa – Vire as 5 doses.
- Tudo bem, mas isso não vai adiantar – Connor pegou o primeiro copo e virou – Já tomei porres outras vezes – virou o segundo – e não fiz nada idiota – virou mais um – que tenha me deixado arrependido – virou o quarto copo – Na verdade, eu penso que – virou o quinto – álcool não surte efeito em mim.
- Merlin, ele bebeu as 5 doses – Brianna começou a rir na mesa – Isso não pode ser bom.
- Se ele vomitar, vocês vão limpar – Nigel avisou saindo da mesa com a bandeja, mas voltou em seguida sem o avental e se juntou ao grupo.
- O que está fazendo? – Allyson perguntou vendo Connor pegar o celular do bolso.
- Ligando pra Becky.
- Ah não, nada disso, me dá esse telefone – Brianna esticou a mão, mas Connor saltou do banco a tempo.
- Olá Becky, sou eu, Connor – ele falou e soluçou – Olá Becky, sou eu, Connor.
- Amigos não deixam amigos beber e usar o telefone – Allyson apoiou Brianna.
- Ei, vocês que queriam que ele desligasse o cérebro por uma noite, agora não podem repreender – Nigel falou olhando para Connor e rindo.
- Becky, eu já falei o quanto você é uma excelente auror? – Connor falava com a voz meio embolada e riamos na mesa – É verdade, você é muito boa. E não precisa se apressar em casar com Alex só porque ele só fala disso. Faça o que o seu coração mandar. Vá devagar, Becky. Vá devagar... – e sua voz foi morrendo, até ele desligar o telefone e voltar à mesa.
- Viu, Connor? Você desligou o cérebro um pouco e já ligou pra Becky e disse parte do que queria – Ethan bateu em suas costas – É isso que acontece quando não pensamos, nós agimos.
- Você tem razão – Connor deu um salto do banco e ficou de pé.
- Não devíamos ter tomado o telefone dele? – Otter perguntou incerto – Ele não está em condições de tomar decisões inteligentes.
- Essa é a beleza de se estar bêbado – disse rindo – Eu não sei o que ele vai fazer em seguida, mas eu quero descobrir.
Connor caminhou até uma velha Jukebox que tinha no pub e depois de alguns segundos, colocou uma música cafona e puxou o celular do bolso de novo, ligando para Becky. Quando ela atendeu, começou a cantar a música para ela. Sabíamos que aquilo não era legal, mas ninguém conseguia interromper, era engraçado demais ver Connor bêbado fazendo coisas idiotas. A ligação foi interrompida quando ele caiu da mesa onde havia subido para cantar e ele voltou para a mesa.
Ao todo foram quase 10 ligações para Becky no decorrer da noite. Connor tomou mais duas doses da coisa esverdeada e acabamos saindo do pub para aproveitar um pouco da comemoração nas ruas. Voltamos para casa perto do amanhecer e despejei Connor em sua cama, enquanto ouvia-o dizer o quanto amava todos os seus amigos e o quanto éramos bons cuidado dele. A ressaca seria boa.
Não dormimos quase nada aquela noite e já estávamos de pé para mais um dia de trabalho. Ao menos Nigel, Otter e eu estávamos prontos, pois Connor ainda dormia profundamente em seu quarto. Já discutíamos a possibilidade dele ter entrado em coma alcoólico enquanto tomávamos café quando a porta do quarto abriu e meu amigo saiu. Ele mancava, seu pijama estava ao contrario, os cabelos mais despenteados que os do tio Harry e uma cara horrível. Começamos a rir na mesma hora.
- Bom dia, Kurt Cobain – falei mordendo uma torrada e ele encolheu com o barulho.
- O que aconteceu ontem? – Connor sentou no sofá quase sem conseguir se manter de pé.
- Você não se lembra mesmo? – Nigel soltou uma gargalhada.
- Acho que não de tudo.
- Lembra de ter ligado pra Becky insistentemente? – Otter perguntou e ele confirmou – Então isso já basta.
- Por que vocês me deixaram fazer isso?
- Você disse que ia desligar o cérebro, então o deixamos fazer o que queria – respondi rindo – Cara, você estava hilário.
- O que eu falei pra ela? – Connor parecia preocupado, o que só deixava tudo muito mais engraçado.
- Acho que você vai descobrir em alguns minutos... – e apertei o botão da secretaria eletrônica.
- Connor, o que está acontecendo? Por que me ligou a noite inteira, bêbado? Vou passar ai pela manhã antes de irmos para o Ministério, precisamos conversar – a voz de Becky saiu do aparelho e Connor foi escorrendo no sofá.
- A voz dela pareceu um pouco estremecida. O que você falou pra ela que não ouvimos? – Otter questionou, mas Connor deu de ombros, sem graça.
Continuamos o café enquanto íamos relembrando os fatos mais engraçados na noite anterior, e conseqüentemente refrescando a memória falha de Connor, autor de 98% dos fatos relembrados. Era difícil decidir qual era o melhor. Se quando Connor subiu no balcão e gritou que amava todos no bar ou quando ele começou a chamar todo mundo de bitch. Ele continuou jogado no sofá, de pijama, sem perspectiva de levantar e começar a se arrumar pro trabalho, só ouvindo nossas risadas e relatos. Quando a campainha tocou, saltou do sofá todo atrapalhado.
- Ei Becky, como foi na festa do comitê ontem? – Nigel perguntou descontraído.
- Foi boa, eu acho – ela parecia um pouco perturbada e não sabia se eram pelos telefonemas de Connor ou algo além – Connor, o que aconteceu ontem? O que significa esses telefonemas todos?
- Olha, não foi nada demais, ok? – Connor começou a se explicar e Otter tentou puxar Nigel e eu para fora da sala, mas não nos mexemos – Eu só desliguei meu cérebro por uma noite e bebi demais – e Becky puxou o celular da bolsa, abrindo e apontando para ele.
- Becky, Becky, atende, atende. Vou cantar até você atender – ouvimos a voz de Connor na caixa postal e Otter me beliscou quando ri - When you love a woman, you tell her that she's really wanted, when you love a woman, you tell her that she's the one.
- Eu sinto muito mesmo por isso – Connor tinha as mãos juntas, praticamente implorando – Eu provavelmente nunca mais vou beber outra vez.
- Beeeeecky! Eu te amo, sabia? Já disse isso a você? Não me lembro. Se nunca disse, então estou dizendo agora. Eu te amo, ok? – Becky continuou apertando os recados e era difícil não rir vendo o rosto de Connor assumir todas as cores do arco-íris.
- O que isso significa? Você estava falando sério ou o que? – Becky não ria, e parecia realmente perturbada – Foram quase 10 recados assim.
- Não significa nada, eu estava bêbado! – Connor respondeu e reagimos, mas Otter não deixava ninguém falar – Me desculpe, por favor. Ignore tudo!
- Becky, está tudo bem? – Otter perguntando quando ela se largou no sofá, parecendo exausta – Aconteceu alguma coisa que deveríamos saber?
- Alex me pediu em casamento ontem – ela falou e vi Connor cair sentado no sofá, ao mesmo tempo em que nos aproximávamos depressa.
- Devemos dar parabéns ou não? – Nigel perguntou inseguro, já que ela não parecia animada.
- Eu não sei – disse sincera – Não respondi ainda. Connor podia estar bêbado, mas ele tinha razão. Eu sou nova demais pra isso. Por Merlin, só tenho 21 anos, não quero me casar ainda!
- Mas ele pretende casar agora? Essas coisas demoram mesmo – perguntei tentando ajudar.
- Alex foi meu primeiro namorado. Sai com outros garotos antes, mas namorado ele foi o primeiro. Devo me casar com o primeiro garoto que namorei? – Becky estava completamente desorientada, não estávamos acostumados a isso.
- Ah, mas nem todos os casamentos duram pra sempre, não? – Nigel deu de ombros e soquei seu braço.
- Vou me casar pensando que vou poder sair com outros garotos quando me separar, ótimo!
- Becky, se você acha que é cedo demais pra pensar nisso, ou que talvez esteja na hora de dar um tempo com Alex, converse com ele – Otter orientou e Connor se mexeu no sofá – Não é justo com ele dizer sim, se tem todas essas duvidas.
- É, acho que vou conversar com ele – ela deitou a cabeça no encosto do sofá e bateu a mão na perna de Connor – Estamos bem então, não é? Não beba outra vez.
- Sim, tudo bem – Connor levantou depressa – Melhor me arrumar ou vamos nos atrasar.
Connor voltou pra sala 20 minutos depois e aparatamos direto no Ministério, sem tocar mais no assunto tanto do porre dele quanto do pedido de casamento de Becky. Se minha prima estava começando repensar se estar com Alex era mesmo o que ela queria pra ela e Connor sob o efeito de álcool, e de testemunhas, admitiu o que sentia, podia apostar o que fosse que nossos próximos meses seriam bastante movimentados.