Posted: quinta-feira, 18 de outubro de 2012 by Julian Thomas Montpellier in
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Primeiro de Setembro de 2017, Academia de Aurores de Londres.

Quando escolhi ser um auror ao contrário de um jogador profissional de quadribol, muita gente pensou que minha escolha se devia ao fato de eu vir de uma família que está no ramo, há mais de cinco gerações, cheia de medalhas de honra por serviços prestados nas diversas guerras que o mundo bruxo enfrentou, mas isso não é verdade. Também não foi para afrontar a minha mãe, que sonhava que eu seria um jornalista igual a ela, só porque eu era um bom aluno de redação, e nem para agradar ao meu pai, fazendo o mesmo caminho que meu avós,  frequentando a Academia de Aurores de Londres. E claro que não tinha nada a ver com o fato de eu ter sido sequestrado por um vampiro junto com a Haley em nosso último ano e querer sair caçando criaturas das trevas protegido pela lei. Nada disso.
Quando decidi ser auror, foi pura e simplesmente porque durante  as nossas palestras de orientação vocacional, ouvimos o irmão de tio Micah e também amigo de meu pai, Wes Sanders falando sobre o programa de treinamento da polícia de Londres, a Scotland Yard, realizado ao final do terceiro ano da academia, onde uma turma de aproximadamente 100 inscritos passarão por uma avaliação muito rígida, e serão  submetidos a todos os testes de aptidão, esforço físico e psicológico, restando apenas 20, que  estarão aptos a fazer parte de um grupo de elite treinado a cada dois anos, podendo atuar tanto no mundo bruxo quanto no mundo trouxa. E como eu já sabia do trabalho que Becky e Connor realizavam como snipers e já havia visto muitos filmes de ação, sabia que eu queria fazer parte deste grupo.
Reencontrei James, Lena, Amber, Penny, Kaley e Thomas quando estávamos em frente à Academia, e enquanto conversavamos sobre as férias íamos seguindo um dos vários mapas de localização dispostos pelo campus, para encontrar o alojamento onde iríamos morar durante o curso.
Ao entramos já percebemos a confusão de pessoas caminhando com bagagens de um lado a outro  e um homem aparentando uns 50 anos, cabelos grisalhos, usando roupas camufladas do exército, ia informando os números dos dormitórios a seus novos ocupantes, e quando eu disse meu nome, respondeu após olhar uma prancheta:
- McGregor! Seu quarto é o 30 B, terceiro andar, junto com Thruston. Suba as escadas pela direita. – e após nos indicar aonde ir, colocou em nossas mãos panfletos com as regras dos dormitórios, horário das refeições, vestimenta, aulas e o nome dele em caso de emergência, que era supervisor Fletcher, e o seu telefone de contato.
Depois de nos instalarmos, fomos procurar as meninas e íamos passando pelas portas abertas dos quartos e o pessoal ia acenando e se apresentava. As encontramos na ala oposta à nossa, e no dormitório da frente delas já estava havendo uma festa, e não demorou muito tempo e parecia que todos os alunos estavam ali:
- Acho que não podemos fazer festa nos dormitórios, eles falam aqui do toque de recolher as 22 horas... Proíbem bebidas alcoólicas .O supervisor Fletcher, parece levar a sério suas funções...- dizia Amber preocupada olhando o seu panfleto enquanto um rapaz todo animado entrava e ia colocando em nossas mãos copos coloridos com cerveja e se apresentava:
- Não se preocupe, festa de confraternização no dia da nossa chegada já é uma tradição da Academia, ou eles não fariam questão que todos se instalassem hoje, eles fingem que não sabem da festa e fica tudo bem. Sou Hector Cassillas e aviso que o bar está aberto, fiquem à vontade.  
Bom, ele não precisou pedir duas vezes e até mesmo Amber, acabou se rendendo e bebendo conosco, e embora aquela festa não fosse tão boa quanto as de Hogwarts, ela durou até bem tarde, afinal quem sai de uma festa quando se tem ‘BeerPong’ ou corrida de tartarugas?.
Mal havíamos fechado os olhos quando alguém entrou em nosso quarto e nos jogou fora da cama gritando como se o prédio estivesse em chamas:
- Levantem-se! O treinamento estará começando em 10 minutos no campo de exercícios e quem faltar volta para casa.- reconheci a voz de tio Wes em meio à névoa que o sono e a ressaca ainda entorpeciam a minha mente, mas levei a sério o aviso, pois várias outras vozes eram ouvidas dando ordens pelo prédio enquanto portas eram batidas.
Acho que nunca me vesti tão rápido em toda a minha vida, mas não estava sozinho, todos os colegas do alojamento estavam despenteados, assustados, correndo enquanto vestiam seus agasalhos de ginástica ou amarravam os tênis, que alguns usavam sem meias para ganhar tempo, e resmungos eram ouvidos enquanto caminhávamos apressados:
- Cara o que está acontecendo? O sol nem nasceu ainda..
- Alguém tem algum saquinho ai? Acho que vou vomitar....
Nos reunimos em um campo gramado onde se viam paredes para escalada, pista de corrida com obstáculos variados, como pneus, cercas de cordas rente ao chão, lama, enfim todo aquele aparato que você só vêm filmes de ação como G.I Joe. Estávamos alinhados e vimos tio Wes, caminhando em nossa direção e junto dele haviam outros professores, que pareciam estar animados, alguns até traziam copos de café fumegantes, enquanto conversavam.
- Ah cara, vamos ser alunos de um cowboy em Londres? Nem temos vacas na cidade...- comentou Hector baixo e alguns alunos riram mas logo ficamos sérios quando o professor começou a falar com seu sotaque forte:
- Bom dia moças e rapazes. Sejam bem vindos ao primeiro dia do treinamento da Academia de Auror. Sou Wes Sanders, e serei seu oficial de treinamento de campo. Como vocês devem saber, em nossa profissão não podemos contar apenas com nossas varinhas e a sorte. Algumas vezes teremos que usar força física para conter os suspeitos, e é aí que o preparo físico fará diferença. Como nosso treinamento é em parceria com a academia de policia para que vocês possam estar aptos a atuar no mundo trouxa, nossos exercícios serão os mesmos usados pela Scotland Yard. Sei que vocês tiveram uma boa noite de sono e estão descansados, então cada um irá pegar uma mochila destas e darão dez voltas pelo campo com ela nas costas. Estas mochilas para quem não sabe, contém os equipamentos que vocês usarão durante o curso, como armas de fogo, cordas, celular descartável, suprimentos como água e comida desidratada, totalizando vinte kilos de peso, e um oficial sempre carrega seu equipamento para todos os lugares.O treino começa agora é só pára quando eu mandar. Vão!
Aquele foi o primeiro dia da nossa semana infernal, onde éramos tirados da cama nas horas mais malucas e tínhamos que carregar aquela mochila maldita a todo lugar, chegou a um ponto que comecei a dormir com ela para não cometer o mesmo erro de um dos rapazes e esquecer o cantil vazio, o que nos rendeu uma punição de ficar um dia sem água nos chuveiros do alojamento para darmos valor à nossa água. Também teve a vez em que estávamos treinando com os rifles e Thomas esqueceu que prender a bandoleira em seu peito, enquanto atirávamos e por culpa dele, tivemos que fazer flexões.
Ou quando Hector, que era o falastrão da turma, deu um apelido ao tio Wes de ‘Magic Mike’ e falava revoltado sobre ele quando conseguíamos chegar aos alojamentos e desmaiar em nossas camas. Confesso que até eu mesmo ria das piadas de Hector ou dos outros apelidos tais como JR Ewing ou Jed Clampett, mas o nosso riso morreu numa madrugada, quando após dois dias de rotina, em que íamos a campo as 5 da manhã e voltávamos às 10 da noite, fomos novamente acordados pelos professores e tínhamos 10 minutos para estar em forma. Mal passava da meia noite, já anos arrumávamos mais rápido e quando nos apresentamos em campo fazia frio e caía uma leve garoa.
- Peguem suas mochilas e fiquem em posição de sentido, não quero ninguém se mexendo ou conversando, eu e os meus colegas estaremos observando-os e já sabem: não costumamos ser bonzinhos com os preguiçosos.
Fizemos o que era esperado, e quando estávamos todos a postos e rígidos, o que era uma garoa se tornou uma chuva forte. Tio Wes, começou a se dirigir para a área coberta onde pude ver tio Seth e tio Caleb conversando com outros professores e nos observando. Após uma última verificação para ter certeza de que não havíamos esquecido nada, tio Wes disse enquanto passava por nós:
- Chuva é bom para lavar os pecados e esta vai demorar a passar. Nem Dallas esperaria algo tão apropriado para uma noite como esta, não acham?
Quando ele se foi, eu disse num tom baixo para que só os colegas ouvissem:
- Se alguém der algum apelido a este homem novamente, vai morrer.-só ouvi gemidos de dor e murmúrios de concordância.

N.Autora:
- Magic Mike, é o nome de um filme de 2012 que fala sobre strippers e Dallas é o nome do dono do clube onde ocorrem os shows.
- JR Ewing é o nome de um personagem da série de tv Dallas.
- Jed Clampett é o nome do patriarca da família Buscapé.