Posted: quinta-feira, 17 de janeiro de 2013 by Artemis Chronos in
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Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Final de Julho/ Início de Agosto de 2017

Eu havia pedido para meus pais e quem sabia do assunto não falar nada para meus amigos, pois eu queria contar pessoalmente. Tuor estava fazendo o mesmo com nossos amigos, enquanto eu estava sentada em um pub no centro da Inglaterra com Clara, Haley, Keiko, Lena, Penny, Kaley e Amber. Era uma “girl’s night”, para celebrarmos o que seria o último encontro das garotas por um bom tempo, já que cada uma estaria atarefada com alguma coisa diferente.
As garotas ainda tinham mais um mês de férias, antes de começarem a vida adulta, mas eu já começaria a trabalhar na semana seguinte. Tio Quim queria que eu fizesse alguns cursos de defesa trouxa e um curso para os Bruxos de Elite do Ministério. Minhas primeiras semanas de trabalho seriam com muito treino e provavelmente, trabalho pesado!
Sem contar é claro todo o treinamento que eu receberia para cuidar dos dragões e poder abrir o segundo Habitat dos Dragões Negros em Avalon.
Mas eu não estava com arrependimentos, pois estava preparada para isso tudo!
E no momento estava extremamente feliz!!

- Vocês não notaram nada de diferente? – Eu falei radiante, segurando meu queixo com a mão direita propositalmente.
As garotas me olharam confusas de início, mas então foi uma chuva de reações diferentes.
Amber engasgou com a cerveja que tomava, enquanto Clara literalmente cuspiu cerveja em todo mundo, tossindo muito, enquanto Penny batia em suas costas me olhando de olhos arregalados. Keiko e Haley deram gritinhos, chamando a atenção de todo o bar, enquanto Lena e Kaley sorriam largamente, e pude ver que seguravam gritos também.
- Você ficou noiva? – Clara perguntou, quando conseguiu respirar.
- Não é cedo demais? – Amber completou e vi como as duas pareciam brancas como papel e comecei a rir. Lena, Kaley, Keiko e Haley estavam de pé ao meu redor, olhando para o anel, ainda falando excitadas. Depois de ter certeza que Clara estava respirando direito, Penny se juntou a elas.
- Como aconteceu? – Keiko perguntou.
- Foi Tuor ou você que pediu? – Haley perguntou.
- Quando foi? – Penny perguntou.
- Calma, uma de cada vez! – Eu falei, muito feliz e elas se acalmaram um pouco, mas ainda animadas. – Foi o Tuor que pediu na nossa viagem para Tóquio e eu aceitei de cara!
- Não sei como vocês ficaram surpresas! – Haley falou, referindo-se a Clara e Amber.
- Bom, surpresa mesmo não é. Tava na cara que você e Tuor iriam casar. – Clara falou, ainda meio chocada. – E sei que vão ser muito feliz. Mas, vocês não têm nem dois meses de formados e já noivam?! – Clara perguntou chocada e Amber assentiu e eu ri.
- Isso não quer dizer nada pra gente, queremos é ficar juntos.
- E vocês vão formar um lindo casal! – Keiko falou e vi que lágrimas começaram a surgir em seus olhos. – A primeira de nós a casar! Nossa pequenininha está crescendo! – Ela falou se jogando em cima de mim e me abraçando. Eu senti lágrimas nos meus olhos também e em pouco tempo todas estavam sentimentais.
- Quero que conte tudo! Cada detalhe! – Haley falou com energia e sorri, começando a contar como fora o pedido.

Início de Julho de 2017 – Sidney e Tóquio

Quando meus irmãos estavam para se formar em Beauxbatons, meus pais deram a eles viagens de presente. Seth escolheu viajar para o Egito com Luna e meus pais (por sinal eu era bebê). Já Griff escolheu viajar para a Disney com os amigos. Desde então, virou uma tradição de nossa família essa viagem de formatura de presente.
Eu escolhi então passar duas semanas na Austrália e Nova Zelândia, e mais duas semanas no Japão. Nossa primeira parada foi em Sidney.
Para essa viagem foram eu, Mina e Luthien, juntamente de Seth e Luna. Meu irmão e minha cunhada iriam passar duas semanas conosco conhecendo a Austrália e a Nova Zelândia, para depois irem estudar alguns animais e plantas únicos da região. Depois, Mina e Luthien iriam voltar para Londres, enquanto eu seguiria para Tóquio, para conhecer o Japão.
Para minha enorme felicidade, Tuor estava conosco! Iríamos passar 1 mês inteiro juntos de férias, pois ele também iria para Tóquio comigo. Na verdade, iríamos só nós dois para o Japão.
A Austrália e a Nova Zelândia eram lindas! As duas semanas pareceram pouco para tanto que queríamos ver e tantos passeios a fazer. Acordávamos todos os dias cedo e antes das 9 já estávamos fora do hotel, entrando em ônibus de excursões ou no carro alugado.
Começamos visitando Sidney, uma linda cidade. Obviamente visitamos a Opera House e o Aquarium. A Opera House era linda, mas obriguei todos a ficar um dia inteiro no Aquarium e cheguei a chorar de felicidade quando Seth conseguiu convencer um dos funcionários a me deixar entrar no tanque dos pinguins.
Depois fomos para Adelaide, para o Gorge Wildlife Park, onde pudemos ver de perto animais símbolos do país, como os cangurus e o coala. Luthien ficou apaixonada por eles e Seth deve ter comprado uns 5 bichinhos de pelúcia diferentes.
A viagem foi cansativa, mas extremamente divertida! Adorei passar duas semanas inteiras de férias com minhas sobrinhas e fiquei muito feliz ao ver como Tuor se dava bem com as duas. Mina simplesmente o adorava e uma noite ela me falou que ele era como um irmão que ela nunca teve e se eu largasse ele um dia, que iria parar de falar comigo!
Nessa primeira parte da viagem, eu dividia um quarto com minhas sobrinhas, Seth e Luna tinham um quarto só para eles e Tuor tinha um quarto próprio. Mas era claro que eu sempre dava um jeito de escapulir e acho que Luna convenceu Seth a fingir que não via...
Mas conhecer o Japão, foi a melhor coisa da viagem!
Sempre tive vontade de conhecer o país, repleto de uma cultura rica, onde sabedoria, tranquilidade e respeito eram extremamente importantes.
E conhecer o país dos meus sonhos com o Tuor era tudo que eu podia pedir.
Encontramos um hotel em estilo japonês clássico em um bairro mais tranquilo de Tóquio. O hotel ficava perto do metrô e como nem eu nem o Tuor sabíamos dirigir, ainda, nos deslocávamos principalmente de metrô.
A viagem para o Japão tinha sido idéia do Tuor e a princípio tínhamos pensado de viajar com alguns de nossos amigos, mas cada um estava ocupado de alguma em meados de Julho e depois gostamos da idéia de viajar sozinhos.
Eu estava um pouco chateada porque iríamos visitar o Japão no verão e as flores de cerejeira, sakuras, já teriam florescido. Sempre amei as flores de sakura e queria muito ver os festivais de apreciação delas que aconteciam por todo o Japão na primavera. Por muito pouco eu também perdera o Tanabata, Festival das Estrelas, pois acontecia no início de Julho, quando estava na Austrália. Mas ainda estava muito animada por conhecer o país do sol nascente!
Os três primeiros dias foram gastos visitando Tóquio. A cidade tinha muita coisa para oferecer, desde museus e templos antigos, à grandes lojas e museus super tecnológicos. Eu ficava maravilhada com toda aquela tecnologia trouxa! Já havia visitado Nova Iorque e me acostumara aos milhares de telões brilhantes. Mas em Tóquio isso tomava um outro nível, sem deixar de ser muito bonito.
Visitamos Tia Yulli e Tio Sergei e eles nos levaram em uma viagem culinária pela cidade. Keiko estava na Inglaterra, mas Hiro nos acompanhou nesse passeio. Hiro decidiu nos dar intimidade e não andou muito com a gente, mas sempre que precisávamos de ajuda, ligávamos desesperados para ele.
A comunicação com os japoneses foi facilitada por um feitiço que Tio Sergei nos ensinou. Era um feitiço que traduzia automaticamente nossas palavras em inglês para o japonês e que nos fazia entendê-los em inglês. Mesmo assim, eu e Tuor nos arriscamos em falar japonês de verdade e nos divertíamos muito.
Estava adorando o nosso clima de lua-de-mel, de casal recém casado! Acordar todo dia do lado dele era maravilhoso! E as noites, manhãs, tardes...
Me peguei uma manhã pensando em como seria casar com ele. Comecei a imaginar a cerimônia de casamento, que local poderíamos casar, quem seriam os padrinhos etc. Eu sorri comigo mesma, percebendo o quão sonhadora estava.
- Acorda dorminhoca. – Tuor falou, beijando meu pescoço e eu me espreguicei lentamente, abraçando seu pescoço. O puxei para a cama e ele se deitou do meu lado sorrindo.
- Só mais um pouquinho? – Eu pedi e ele riu.
- Já te deixei dormir por quase uma hora desde que acordei! Agora vamos levantar, temos um dia cheio hoje!
- Onde vamos mesmo? – Eu perguntei e vi que ele já estava arrumado.
- Primeiro, vamos almoçar em um restaurante que fica na beira da baía. E depois vamos em uma loja para colocarmos nossos kimonos! – Ele falou animado e levantou uma sacola enorme. Eu me animei na mesma hora e pulei da cama, tinha esquecido da idéia do Hiro.
- Hoje é o Umi no hi! – Eu falei alegre e o beijei, antes de correr para o banheiro para tomar banho e me arrumar.
O Umi no hi era o Dia do Oceano, um feriado que acontecia na terceira segunda-feira de Julho e procurava agradecer ao Oceano e mostrar sua importância para o Japão. Tínhamos programado nossa viagem para pelo menos estar presente nele. Hiro tinha nos dito que esse feriado era geralmente comemorado na praia, mas que tinha um templo em uma das ilhas da baía de Tóquio que tinha um festival comemorativo.
Fora idéia do Hiro que usássemos kimonos e logo adorei a idéia. Ele nos ajudou a comprar dois kimonos e indicou uma loja, bem perto do nosso hotel, que poderia nos ajudar a colocar a roupa. Um kimono não era uma roupa fácil de ser colocada e ser usada.
E realmente era muito difícil!
Um kimono completo é composto por várias camadas de tecido, algumas muito apertados para salientar a postura feminina. E era impossível colocar sozinha.
Meu kimono era todo roxo com desenhos de flores de sakura em tons de rosa ao longo dele todo. Havia uma faixa vermelha em minha cintura e uma grande flor de sakura em flor desenhada às costas.
A loja, que costumava alugar kimonos para turistas, era especialista em kimonos e em treinar pessoas na arte do uso de um kimono. Eu levei 3 horas para ficar pronta e pelo que sei, Tuor levou umas 2 horas também. Tive direito inclusive a uma maquiagem clássica e uma aula rápida de como andar de kimono e sandália.
Já eram quase quatro da tarde quando sai do quarto onde estava sendo arrumada e vi que Tuor e Hiro já estavam prontos. Os dois se levantaram e fizeram uma reverência para mim, enquanto eu fazia o mesmo com um leque japonês nas mãos.
Os dois estavam lindos!
Hiro usava um kimono verde musgo com uma espécie de casaco leve, branco, por cima de tudo. Clara iria adorar vê-lo assim. Tuor usava um kimono que combinava com o meu. O kimono era de um tom forte de azul, muito próximo do roxo, com o mesmo tipo de casaco leve e branco por cima. E como ele estava lindo naquela roupa!
- Você está linda! – Tuor falou e vi como ficou sem fôlego. Ele me deu um beijo leve nos lábios, mas briguei com ele.
- Levei quase 4 horas para ficar pronta, não estrague minha maquiagem! Não antes de uma foto pelo menos! – Eu falei e os dois riram.
A funcionária da loja tirou uma foto nossa e nos agradeceu em japonês. Quando saímos, uma espécie de carruagem nos esperava e vi que Tia Yulli e Tio Sergei estavam sentados nela, ambos de kimono. Tia Yulli parecia uma gueixa de tão linda e segundo ela, eu também passava fácil por japonesa de verdade. Agora Tio Sergei, Hiro e Tuor não enganavam ninguém com aqueles cabelos loiros e olhos claros. Coitado do Hiro era japonês de nascença, mas sempre o consideravam como um turista. Nos acomodamos na carruagem e fomos para o porto próximo, onde haveria uma barca para nos levar para o templo.
A ilha era muito arborizada e bela, e estava cheia! Mas haviam poucos turistas, pois Tia Yulli me explicou que o templo era administrado por bruxos e apenas cidadãos japoneses costumavam ir lá.
O templo também era muito belo, em arquitetura típica japonesa com seus arcos pontiagudos e cheios de desenhos dos dragões orientais. Haviam lanternas japonesas penduradas por todo o lugar, assim como nas diversas fontes. As lanternas já estavam acessas, apesar de ainda haver sol, e davam um ar muito bonito para o local.
Hiro ia contando sobre as cerimônias do Umi no hi e sobre outras cerimônias que eram realizadas no local e eu devorava tudo avidamente. Passeamos muito e perdi a noção da hora, enquanto brincávamos em barracas e provávamos comidas típicas de festivais.
Já era de noite, quando Tuor me pegou pela mão sorrindo, dizendo que tinha uma surpresa e nos afastamos dos outros.
- Daqui há alguns minutos haverão fogos de artifício, mas quero te mostrar algo antes.
- O que é?
- Vou te vendar, tá bom? – Ele falou e eu assenti, muito curiosa. Ele pegou um lenço azul e vendou meus olhos, me guiando.
Senti ele me guiando para uma parte mais reservada do templo, pois os sons ficavam cada vez mais suaves. Deixei meus sentidos se espalharem e percebi como a ilha era cheia de vida e o templo também.
- Pode abrir os olhos. – Ouvi a voz de Tuor ao meu lado e ele tirou a venda, enquanto me segurava pela cintura.
Abri os olhos lentamente e fiquei maravilhada.
Diante de mim estavam pelo menos umas 20 árvores de sakura lado a lado, formando uma espécie de túnel. E o melhor de tudo: todas em flor.
Haviam flores brancas, flores vermelhas e flores rosas, todas muito delicadas e belas. Um vento começou a soprar levemente e as árvores balançavam suavemente. Senti meus olhos cheios de lágrimas e tapei a boca com as mãos, maravilhada.
- Essas sakuras são enfeitiçadas, elas nunca deixam de florescer. Quando soube disso, eu quis te trazer pra cá, mas sem você saber. – Tuor falou do meu lado e eu olhei para ele, sem conseguir dizer uma palavra. – Surpresa! – Ele falou com um sorriso e eu o puxei para um longo beijo, maravilhada pelo lindo presente.
- Eu adorei, Tuor! Muito obrigada! – Eu consegui falar e ele sorriu, me abraçando com força.
- E tem mais.
- Mais? – Eu perguntei curiosa. Ele me levou até debaixo de uma árvore de sakura rosa e sentou-se na grama.
Eu fiquei um pouco em pé, acariciando o tronco da árvore com carinho. Algumas flores começaram a cair com o vento e vi quando Tuor pegou uma flor e me sentei ao seu lado, para que ele a colocasse em meus cabelos.
Vi que ele estava um pouco nervoso, mas sorria, e fiquei ainda mais curiosa.
Ele então tirou uma caixa de madeira polida com mais ou menos um palmo de largura e de comprimento, com uns 10 centímetros de altura. Havia uma flor de lótus em baixo relevo na parte de cima.
- Está com seu pingente?
- Eu nunca me separo dele! – Eu falei e tirei o pingente de meu pescoço.
- Coloque sobre a flor. – Eu obedeci, com um olhar interrogatório e para minha surpresa a flor encaixou perfeitamente no entalhe. Senti como se a caixa vibrasse, mas nada aconteceu – Está faltando algo, não acha?
- O que você está tramando? – Ele falou e riu, enquanto tirava o pingente do martelo de Thor que eu havia lhe dado no nosso primeiro aniversário de namoro.
- Tire a flor e coloque o martelo. – Eu obedeci novamente e coloquei o martelo no entalhe. Para minha surpresa maior, o martelo afundou no entalhe mesclando-se ao entalhe da flor. – Ainda está faltando algo?
Eu ergui uma sobrancelha e coloquei a minha flor de lótus por cima e novamente ela encaixou perfeitamente. Ouvi um clique e a caixa se abriu. Ele me incentivou a levantá-la com um sorriso.
Eu levantei a tampa curiosa e novamente fiquei sem fala. Senti lágrimas nos meus olhos e olhei para ele sem acreditar.
- Essa caixa é como eu e você. – Tuor falou, pegando minhas mãos e me olhando intensamente nos olhos. Eu ainda estava em fala e senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Ela só está completa quando estamos juntos. Artemis Arashi Capter Chronos, você é a mulher mais incrível que eu conheci em toda a minha vida e eu te amo como jamais achei que ia amar alguém. Você aceita se casar comigo?
Ele perguntou sorrindo e eu apertei sua mão.
Dentro da caixa estavam duas alianças de ouro, colocadas juntas sobre um veludo vermelho.
- É claro que sim! – Eu finalmente consegui falar e me joguei em seus braços, soluçando.
As lágrimas desciam pelo meu rosto, mas eram lágrimas de felicidade. Eu estava feliz como nunca me senti e o apertei com força. – Eu te amo!
Vi que ele também chorava e nos beijamos longamente.
Ele então pegou minha mão direita e pegou uma das alianças, colocando-a em meu dedo anelar, beijando-o em seguida. Eu fiz o mesmo com a outra aliança e o beijei novamente.
Nesse momento, os fogos de artifício estouraram e a noite se encheu de luzes de milhares de cores. Colocamos nossos pingentes de volta no pescoço e ele me ajudou a levantar.
Andamos até perto da baía, de onde tínhamos uma visão privilegiada dos fogos.
Apertamos nossas mãos com força.
Havia tanto que eu queria falar para ele, tanto a agradecer.
Mas naquele momento eu não conseguia dizer nada, apenas olhar para ele e para o reflexo das luzes em seu rosto radiante. E eu sabia como estava radiante também.