Posted: terça-feira, 4 de dezembro de 2012 by Justin B. D. Silverhorn in
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- Wow! Não consigo me mexer.- Haley disse enquanto respirava fundo, e acabei rindo enquanto eu levantava a cabeça que estava escondida debaixo dos lençóis aos pés da cama.
- Molenga...Isso porque é uma atleta.- e ela se ergueu nos cotovelos e franziu os olhos:
- Não tenho forças nem para te chutar pela provocação...- resmungou e minhas mãos agarraram seus pés e a puxei para mim, sem cerimônia. Ela gritou espantada e quando percebeu eu já estava por cima dela novamente, e ela fez biquinho, do jeito que costuma fazer quando briga comigo.
- Vamos brigar novamente? – eu quis saber e ela me olhou um brilho travesso nos olhos:
- Não, embora sexo de reconciliação seja fantástico. Não sei se a cama aguentaria outra rodada.Seu quarto está uma bagunça, até parece a cena do Amanhecer 1, só faltam as penas voando.- fiz uma careta de desgosto, e ela riu pois conseguiu me obrigar a assistir ao filme inteiro.
- Ainda bem que desta vez quem levou a melhor foi o lobo.E ele ainda está faminto...- eu disse presunçoso e ela riu provocando:
- Quem disse que precisaríamos da cama? – sorri e a beijei, ela se aproveitou da minha guarda baixa e me empurrou, fazendo com que eu caísse da cama, enquanto se levantava rápido e pegava minha camisa e a vestia dizendo:
- Vamos pegar alguma comida, ainda podemos recriar outras cenas dos meus filmes favoritos, ficarei quase duas semanas fora, preciso de boas memórias para não sentir saudades. - e eu respondi, enquanto colocava as minhas calças:
- Ok, mas nenhuma cena que envolva as bancadas da cozinha ou os sofás da sala, senão Rupert me despeja.
- Posso ser criativa.- ela respondeu mordendo o lábio, enquanto a gola da minha camisa grande demais para ela, deixava um de seus ombros descoberto. Engoli seco e disse áspero:
- Droga! Vamos logo buscar esta comida, duas semanas longe de você serão um inferno.

o-o-o-o-o-o-o-o

Hospital St. Mungus, Terceiro Andar, Envenenamentos por poções ou plantas:

Eu e minha boca grande. Depois de seis meses de muito estudo, teorias e práticas, os plantões de 48 horas passaram a ser uma rotina diária em nossa vida, e eram insano.  Pegávamos os casos mais malucos, e sempre que nos encontrávamos pelos corredores, eu, JJ e Clara, comparávamos nossos pacientes, para ver quem estava com o caso mais interessante do dia. E quando o caso, era muito bom, o vencedor se auto proclamava, Rei do St.Mungus. Idiota, é claro, mas precisávamos ter nossos momentos descontraídos no hospital.
A doutora Louise Storm, mãe da Clara, era nossa chefe e um osso duro de roer. Ela era uma das lendas no hospital e todos queriam estar em seus casos, ela tinha a capacidade de nos fazer calar com apenas um levantar de sombrancelha e um olhar glacial, e entre os internos ela tinha o apelido de Medusa. E seu olhar foi o que bastou, quando me mandou ficar no terceiro andar, onde os casos mais chatos com bruxos desatentos com poções ou plantas venenosas ocorriam. Ora, quem em sã consciência bebe uma poção regurgitadora à toa, apenas para pagar uma aposta?  O serviço era um porre. Nos limitávamos a avaliar o caso, dar poções para cortar o efeito do veneno, faziamos curativos nas erupções purulentas...Enfim, era a parte chata do trabalho, mas apesar disso , eu amava ser curandeiro, mas alguns dias era dificil manter este amor.
- De novo, senhor McMannus?- eu perguntei cansado, após ver meu uniforme limpo coberto de vômito, pela quarta vez nas últimas três horas e o velhinho maltrapilho com cara de papai noel, teve a decência de parecer  constrangido:
- Desculpe, doutor, eu avisei que não me sentia bem para levantar da cama.
- Mas o senhor já foi medicado contra o envenenamento por sumagre venenoso, suas erupções já desapareceram, não é comum ter este tipo de reação com a poção que administrei. Diga a verdade: o senhor bebeu quanto antes de entrar aqui?- e ele fez um ar ofendido, enquanto eu fazia um feitiço rápido de limpeza em mim:
- Eu não bebo, mocinho. Quer dizer, não deste jeito. Eu só me sinto mal às vezes, só isso.Pode me dar algum remédio?- continuei a examina-lo quando a cortina se abriu e a doutora Storm entrou apressada. Cumprimentou o paciente, verificou sua ficha, e depois disso me chamou de lado, franzindo o nariz:
-Porque ainda não liberou o senhor McMannus, Justin? E que cheiro é este?
- Ele não teve tempo de pegar a bacia para vomitar e eu estava no caminho. Eu estava avaliando-o novamente, acho que ele precisa de exames mais detalhados doutora Storm.
- Seus exames estão normais. O problema dele, é ressaca, já aconteceu outras vezes, pois ele sempre volta atrás de algum remédio. Dê uma poção dupla para ressaca, alguma comida e  libere o leito. Você é necessário em outros setores do hospital e eu preciso daquele leito vazio. E por favor, tome um banho, você está fedendo. – ela saiu e nem me deu tempo de pedir que ela me desse mais algum tempo com este caso, pois ele me incomodava. Olhei para o paciente, e o olhar dele sem esperanças, me fez pensar que talvez valesse a pena desobedecer à minha chefe. Após uma hora, ela veio atras de mim saber do paciente e vinha acompanhada de Ethan, que devia ter acabado de sair do trabalho, pois usava um casaco pesado por cima do uniforme azul escuro do pronto socorro do hospital onde trabalhava.
- Doutor Silverhorn.- ele cumprimentou sorrindo e eu reribui:
- Doutor Warrick.- e a mãe da Clara, já foi direito ao assunto:
- Justin, porque você pediu mais uma avaliação do senhor McMannus, se deu alta a ele uma hora atrás?
- Não dei alta doutora Storm...- Ethan arregalou os olhos e me encarou. A Medusa me olhou de cima a baixo:
- Onde ele está?- ela perguntou com voz controlada.
- Bem ali. - E apontei para a cama do senhor McMannus, onde antes havia um velhinho sujo e maltrapilho, agora havia um senhor de idade, de banho tomado, barbeado e de roupas limpas.- ela me lançou aquele olhar e eu me defendi:
- Pobres não recebem atendimento médico adequado, mesmo no mundo bruxo e isso é injusto. Costumo seguir meus instintos doutora, e acredito que ele mereça uma segunda opinião, por isso o mantive no hospital.Sei que posso ser punido por desobedecer a uma ordem, mas pelo menos fiz o meu melhor como curandeiro.  – e ela me olhou pensativa:
- Sim, isso é certo. O curandeiro geral já foi avisado?
- Sim, mas parece que está preso em um caso de varíola de dragão...- ela olhou para Ethan.
- Pode dar a segunda opinião neste caso? Preciso subir para a Obstetrícia, verificar minha paciente, e eu realmente quero que este caso seja encerrado.
- Sem problemas, se não encontrar nada, eu mesmo assino a alta. Ainda tenho crédito com a direção.  – ele respondeu e ela assentiu sorrindo orgulhosa e nem me olhou novamente quando saiu, deixando-me com meu cunhado, que se virou para mim:
- Atualize-me, enquanto vejo a ficha do paciente.E que seja bom, ou você vai repensar sua carreira. – e já se encaminhou ao paciente e enquanto eu relatava os detalhes do caso, como enxaqueca e vômitos, Ethan o examinava, minuciosamente. Quando terminou disse:
- Senhor McMannus, o senhor sofre de uma síndrome de vômitos cíclicos, SVC. É uma doença comum na infância, mas em casos raros pode ocorrer com adultos. O paciente não apresenta nada nos exames, porém tem náuseas e vômitos por dias e de repente os sintomas pausam e do nada eles retornam.
- Achei que fosse a bebida, que me causasse isso, doutor.- e ele me olhou sem graça quando bufei:
- Não me olhe assim, eu bebo às vezes, sim. Não tem cura? - e Ethan fez que não:
- Enxaqueca é uma das causas dos seus problemas, e isso nós podemos tratar., e você terá uma qualidade de vida melhor. – Ethan me orientou a como prescrever a medicação, quais poções eu deveria buscar na farmácia. Após medicar o senhor McMannus, e lhe dar comprimidos que iriam durar pelo menos um mês, ele nos agradeceu muito e foi liberado. Olhei para Ethan:
- Obrigado.Mas o que veio fazer aqui? Saudades do emprego? – e ele riu:
- Embora trabalhar com a Medusa tenha seus bons momentos, gosto de onde estou. Sabe que com um filho pequeno e o abrigo, não tenho muito tempo livre. Você pegou um caso de diagnóstico difícil, e fez o correto:  ouviu os seus instintos. Quando seu plantão acaba? Quero conversar com você, enquanto jantamos. – olhei no relógio e sorri:
- Já está quase acabando, vou me apresentar à minha chefe, ouvir a bronca e poderemos ir.
Fomos jantar na lanchonete trouxa que ficava perto do St. Mungus,e enquanto eu devorava um cheeseburguer com fritas, Ethan e eu colocávamos o papo em dia. O paciente havia sido cuidado, e isso era o que fazia o dia infernal, valer a pena.